postado em 31/08/2012 15:35
O ritmo mais moderado da economia este ano gera reflexos nos resultados das contas públicas, segundo avaliação do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel.Dados divulgados nesta sexta-feira (31/8) pelo BC mostram que o superávit primário, esforço para o pagamento de juros da dívida, do setor público consolidado ; governos federal, estaduais e municipais e empresas estatais ; chegou a R$ 5,57 bilhões, em julho, resultado bem menor do que o registrado em julho de 2011 (R$ 13,789 bilhões). Em junho deste ano, o superávit primário ficou em R$ 2,794 bilhões.
;Entramos em 2011 com economia crescendo em ritmo mais forte, com PIB [Produto Interno Bruto, soma de todos os bens e serviços produzidos no país] de 2010 , em 7,5%, isso foi moderando ao longo do ano [passado]. Este ano, começamos com economia em ritmo bem mais moderado. Então, é um desenho distinto em termos de trajetória econômica e isso se reflete na evolução do resultado fiscal;, disse Maciel.
De acordo com Maciel, no ano passado, o resultado primário foi impulsionado pelo aumento de receitas extraordinárias, como o pagamento do Refis da Crise (dívidas de empresas renegociadas com a União). Além disso, neste ano, as receitas do governo são menores porque houve redução de alíquotas de impostos para estimular a economia, conforme Maciel.
O superávit primário de julho em relação a junho apresentou ;evolução favorável;. ;Um bom sinal [aumento do superávit primário em julho em relação a junho deste ano] em termos de evolução das contas públicas e de perspectiva para o resto do ano;, disse Maciel.
Maciel citou ainda a melhora no resultado dos estados e municípios, que passaram do déficit primário de R$ 333 milhões, em junho, para superávit de R$ 1,005 bilhão. ;A receita deles é muito mais sensível à evolução da atividade econômica. É um sinal de que eles podem estar refletindo um melhor ambiente;, disse.
Segundo Maciel, a receita dos estados e municípios com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por exemplo, cresceu 6%, em maio, e registrou expansão de 8%, em junho.
Em 12 meses, encerrados em julho, o superávit primário do setor público ficou em R$ 107,96 bilhões, o que representa 2,51% do PIB. A meta para este ano é R$ 139,8 bilhões.
Maciel destacou que os gastos do setor público com juros estão em queda. Isso acontece devido às reduções da taxa básica de juros, a Selic, e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicadores que corrigem a maior parte da dívida pública.
Em 12 meses encerrados em julho, os gastos com juros chegaram a R$ 226,591 bilhões, o que representa 5,26% do PIB, o menor percentual desde dezembro de 2010 (5,18%). Segundo Maciel, o resultado em 12 meses em comparação ao PIB teve, em julho, a nona queda consecutiva.