Jornal Correio Braziliense

Economia

De olho em 2014, aeroporto de Guarulhos tem obras antecipadas



Do lado da iniciativa privada, participam do consórcio o Grupo Invepar, que atua na área de concessões, e a operadora de aeroportos sul-africana ACSA ; que é controlada pelo governo daquele país. A União, por meio da Infraero, detém o restante da operação, 49%. A parte que cabe ao Estado nos lucros da operação será alocada em um fundo criado para manter aeroportos deficitários, com menor fluxo de passageiros e de voos.

O governo acredita que poderá incrementar essas receitas a partir dos ganhos de gestão esperados na remodelação de Guarulhos, hoje o principal aeroporto do país. Para isso, conta com o sucesso de um ousado plano de expansão das atividades aeroportuárias, que incluem, além do novo terminal, a construção de espaços comerciais, como um hotel cinco estrelas de 50 leitos, novas lojas e um edifício-garagem com até 10 mil vagas.

Com todas as alterações previstas, Guarulhos terá capacidade para receber até 60 milhões de passageiros ao ano, quase o dobro da operação atual. O contrato de concessão permitirá ao grupo vencedor operar o aeroporto por 20 anos, que podem virar 25, caso haja entendimento entre as partes (grupo e governo). Mas há quem diga que a parceria não durará tanto. O modelo proposto pela equipe econômica da presidente Dilma Rousseff hoje conta com críticas pesadas dentro do próprio governo.

Escolhido para comandar a nova Empresa de Planejamento e Logística (EPL), uma estatal que cuidará dos megaprojetos de transportes no país, Bernardo Figueiredo, que conta com a total confiança da presidente Dilma, classificou recentemente o modelo de concessões de Guarulhos, Campinas e Brasília como ;um erro; do governo.

A declaração externaliza a insatisfação do Palácio do Planalto com a falta de capacidade técnica das empresas vencedoras do leilão. Vale lembrar que, do grupo vencedor em Guarulhos, apenas a empresa sul-africana, que detém 5,1% do negócio, tem experiência em gestão de aeroportos. Os outros parceiros, no entanto, nunca trabalharam com projetos desse tipo.

Ciente das críticas, o presidente da concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos, Antonio Miguel Marques, disse ao Correio que ;se o governo errou ou não, o fato é que existe um modelo de concessão que está vigente;, pontuou. Para ele, cabe à concessionária mostrar desempenho e padrão de qualidade, e, ;ao governo, cumprir o contrato;.

Questionado se as primeiras concessões foram boas para o país, ele titubeou: ;Guarulhos é um bom modelo. Não é, com certeza, o único bom modelo. Agora, se o governo diz que errou, ele tem que corrigir isso para as próximas (concessões);, disse, ao referir-se aos projetos ainda em estudo pelo Palácio do Planalto de conceder à iniciativa privada os aeroportos do Galeão, no Rio, e de Cofins, em Belo Horizonte.

*O jornalista viajou a convite da Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos