Economia

BCE anuncia que vai intervir no mercado da dívida para salvar o euro

Agência France-Presse
postado em 06/09/2012 12:52
A medida anunciada pelo presidente da instituição, Mario Draghi, fez as bolsas europeias fecharem o dia em fortes altas
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira (6/9) compras ilimitadas de bônus da dívida soberana com vencimentos entre um e três anos de países da Zona Euro que fizerem essa solicitação, sob estritas condições, para enfrentar uma crise que paralisa a região e preocupa o mundo todo.

A medida, anunciada pelo presidente da instituição, Mario Draghi, foi recebida com fortes altas nas bolsas e com uma redução das taxas através das quais são negociadas as dívidas dos países mais golpeados pela crise, como Espanha e Itália. A iniciativa visa precisamente o combate ao forte diferencial entre as taxas exigidas pelos mercados a esses países e as pagas por aqueles que ostentam economias mais sólidas, como Alemanha.

O programa de compra de dívida, batizado "Outright Monetary Transactions" (OMT, Transações Monetárias Diretas), foi lançado devido às "perturbações graves observadas no mercado da dívida pública que provêm de temores infundados por parte dos investidores sobre a reversibilidade do euro", disse Draghi. As condições evocadas para ativar essas intervenções supõem que haja um pedido formal por parte dos interessados. Após receber nesta quinta-feira em Madri a chanceler alemã, Angela Merkel, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, afirmou no entanto, que não havia solicitado nenhum tipo de resgate e se negou a comentar as iniciativas do BCE.

[SAIBAMAIS]A nova operação do BCE foi realizada sob a égide do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) e de seu futuro sucessor, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE). O BCE decidiu ainda flexibilizar os critérios das garantias que exige aos bancos da Zona Euro quando concede empréstimos através de operações de refinanciamento. Segundo Merkel, o BCE tomou suas decisões dentro dos limites de sua independência e de seu mandato. O presidente do Banco Central alemão, Jens Weidmann, disse ser oposto a esse tipo de medida.



Draghi revelou que um membro do conselho de governadores do BCE havia votado contra as medidas. O BCE manteve, por outro lado, sem alterações sua taxa básica de juros, a 0,75%. Esse nível, vigente desde julho, é seu mínimo histórico e os analistas estimam que ele pode ser reduzido ainda mais este ano, devido à necessidade de incentivar a economia da Zona Euro, afundada em recessão. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) afirmou pela manhã que a situação da Zona Euro constitui o "principal risco para a economia" mundial, com risco de "contágio" a outras áreas.

De fato, o BCE reduziu suas previsões de crescimento na Zona Euro para 2012 e 2013. As novas projeções indicam que o PIB da Zona Euro apresentará contração de 0,4% em 2012 e crescerá 0,5% em 2013. As previsões anteriores, de junho passado, projetavam uma contração de 0,1% este ano e um crescimento de 1% no próximo ano. Alemanha (%2b0,3%), Holanda (%2b0,2%), Áustria (%2b0,2%) e em menor medida França (0%) resistiram, enquanto que Espanha (-0,4%), Bélgica (-0,6%) e Itália (0,7%) caíram em recessão. As bolsas celebraram as medidas anunciadas por Draghi. Às 14h10 GMT (11h10 de Brasília), Paris ganhava 2,72%, Frankfurt 2,16%, Londres 1,29%, Madri 3,41% e Milão 3,47%.

Os anúncios também impactaram favoravelmente os mercados da dívida da Espanha, onde as obrigações a dez anos caíam pela tarde a 6,097% (contra 6,409% na quarta-feira) e as da Itália a 5,356% (contra 5,514%). A expectativa gerada pelos anúncios de Draghi favoreceram já pela manhã uma operação de emissão de dívida espanhola a médio prazo, por um total de 3,500 bilhões de euros, com juros com relação às emissões anteriores.

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