A crise de 2008 e 2009, que solapou o mundo, não impediu a melhora no padrão de vida das famílias brasileiras. Mesmo com os arranhões provocados pelo estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, a população ampliou o acesso a serviços e a bens duráveis e está realizando o sonho da casa própria. Dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o Brasil não só consolidou os ganhos conquistados com o fim da hiperinflação, a partir de 1994, com o Plano Real, como houve mudanças significativas na estrutura dos orçamentos familiares. O peso da alimentação diminuiu e aumentaram as despesas com saúde, viagens e transportes ; devido ao carro que deixou de ser apenas um objeto de desejo.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), referente a 2008 e 2009, indica que a combinação de preços sob controle, aumento da renda e crédito farto deixou as despesas dos brasileiros mais parecidas com as de países desenvolvidos, ainda que um terço das residências esteja em ruas sem asfalto. Os brasileiros estão comprando mais produtos de higiene e limpeza. Porém, estão dispendendo menos com educação, sobretudo nos lares chefiados por mulheres. O IBGE captou um país menos desigual, apesar de as famílias de servidores terem renda 73% superior às de trabalhadores da iniciativa privada, mas com um pé no atraso e um Estado voraz por impostos.