Economia

Crescimento do PIB brasileiro depende do cenário externo, diz economista

postado em 19/09/2012 17:42
As políticas de desoneração adotadas pelo governo, que já somam renúncia fiscal de pelo menos R$ 18,1 bilhões para 2013, dependem de melhora da conjuntura internacional e de uma estratégia de crescimento a longo prazo, para surtirem o efeito desejado, avalia a economista Leda Paulani, professora da Universidade de São Paulo (USP).

Para ela, o governo vem sendo bem-sucedido em manter o consumo aquecido, mas não está conseguindo estimular o investimento no país.

Este ano, apesar de medidas como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros, eletrodomésticos, móveis e materiais de construção, a equipe econômica não conseguiu impulsionar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas de um país.

Na última segunda-feira (17/9), o boletim Focus do Banco Central reduziu de 1,62% para 1,57% a previsão de fechamento para o indicador em 2012. Para o ano que vem, por enquanto, está mantida a estimativa de 4%.

;O governo simula o consumo [com as desonerações]. A questão é que isso não é sustentável a longo prazo;, diz Leda Paulani. Segundo ela, apesar das sucessivas reduções da taxa básica de juros promovidas pelo BC ; atualmente a taxa Selic está em 7,5%, o menor patamar da história ;, os juros brasileiros ainda são altos. Além disso, o chamado custo Brasil (conjunto de dificuldades burocráticas, estruturais e econômicas que encarecem o investimento) ainda é elevado, na visão da economista.

[SAIBAMAIS]Para ela, a medida anunciada pela presidenta Dilma Rousseff, de redução das tarifas de energia da indústria em até 28% a partir do ano que vem, pode ser um fator favorável na atração de investimentos. No entanto, em função da crise internacional, os resultados dependerão muito do cenário externo. ;Para além da política econômica, é a demanda agregada, ou seja, interna e externa, que move o investimento;, observa.

O especialista em finanças públicas José Matias-Pereira, professor da Universidade de Brasília (UnB), diz que as desonerações são insuficientes pelo fato de atenderem somente a alguns setores. ;Medidas pontuais aumentam a área de atrito na economia e, por outro lado, não atendem, de uma maneira desejável, ao que seria necessário para crescer;, destaca.



Para ele, o país precisa modernizar o sistema tributário. ;Há uma distorção tributária no Brasil. No meu entendimento, [o governo] tem que começar a conduzir um processo de negociação com a área política, estados e municípios, no sentido de trabalhar para a reforma tributária;, opina Matias-Pereira.

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