Economia

Espanha descarta soberania fiscal catalã e abre crise com Barcelona

Agência France-Presse
postado em 20/09/2012 13:53
Madri - A recusa do governo espanhol nesta quinta-feira (20/9) em negociar uma maior soberania fiscal para a Catalunha abriu uma crise com o governo regional, liderado por Artur Mas, que considerou que o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, perdeu "uma oportunidade histórica".

"Foi perdida uma oportunidade histórica no entendimento entre a Catalunha e o resto da Espanha", afirmou Mas em coletiva de imprensa após uma reunião de mais de uma hora com Rajoy, no Palácio de la Moncloa, sede da presidência. Artur Mas afirmou ainda que fará uma reflexão profunda depois desta negativa por parte do governo espanhol de negociar uma maior autonomia fiscal para a comunidade, o que permitiria a ele arrecar os próprios impostos.

Atualmente, o governo espanhol arrecada os impostos na maioria de suas 17 regiões e posteriormente faz uma redistribuição de parte desse dinheiro entre as comunidade em função de sua participação nos tributos, como o Imposto de Renda ou o Imposto ao Valor Agregado (IVA). A Catalunha aspira um modelo similar aos do País Basco e Navarra, de modo que a região arrecadaria todos os impostos e depois negociaria o pagamento de uma quantia ao Estado central como remuneração pelos serviços que presta na região e a solidariedade interterritorial.

[SAIBAMAIS]Rajoy rejeitou a proposta alegando não ser compatível com a Constituição Espanhola, mas se mostrou disposto a revisar o sistema de financiamento das comunidades autônomas, segundo um comunicado oficial. Antigo motor econômico da Espanha, a Catalunha possui uma dívida de 44 bilhões de euros, ou seja, 22% de seu PIB, e no final de agosto se viu obrigada a pedir uma ajuda de 5 bilhões de euros a Madri.



No último dia 11, um milhão e meio de nacionalista catalães marcharam pelas ruas de Barcelona para pedir sua separação da Espanha, a quem acusam de arrastrar a região pela espiral da crise devido a um sistema fiscal que consideram injusto. Segundo um estudo realizado em julho e publicado pelo diário catalão La Vanguardia, 51,1% dos entrevistados votariam "se" a independência em caso de um referendo, contra 36% em março de 2001.

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