Agência France-Presse
postado em 25/09/2012 18:13
Berlim - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, mostrou-se otimista nesta terça-feira (25/9) em Berlim ante o futuro da Zona Euro, afirmando que os primeiros efeitos das medidas anunciadas pelo BCE já são visíveis."Temos uma série de razões para ser positivos sobre a direção que está tomando a Zona Euro", declarou Draghi em Berlim em um discurso pronunciado ante o congresso da Federação Alemã de Indústria (BDI).
"Vemos sinais de melhora nos mercados financeiros e esperamos um crescimento da economia no próximo ano. Ao mesmo tempo, avançamos consideravelmente em todas as frentes para fortalecer as bases da Zona Euro", disse.
O BCE havia gerado uma onda de alívio nos mercados anunciando no início de setembro um novo programa de compra de dívida soberana dos países da Zona Euro em apuros.
O programa não tem limites quantitativos oficiais. Contudo, ele está sujeito a certas condições, como por exemplo que o país que deseja obtê-lo solicite assistência financeira ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM, na sigla em inglês), o fundo de resgate permanente da Zona Euro, que em troca lhe pediria reformas estruturais.
O plano foi muito criticado pelo banco central alemão, o Bundesbank, receoso de que o BCE alimente a inflação e financie os Estados, algo que lhe é proibido.
Desde então, Mario Draghi tem demonstrado sua vontade de explicar a política da instituição que preside.
Depois de propor há vários dias uma explicação ante os parlamentares alemães, o presidente do BCE tentou convencer nesta terça-feira os industriais da maior potência econômica da Zona Euro.
"Ante as circunstâncias atuais, o maior risco para a estabilidade não é a ação, mas sim a inatividade", disse Draghi.
Segundo o presidente do BCE, já se pode ver os primeiros sinais dos efeitos deste novo programa.
"A Zona Euro está avançando e os investidores estão dispostos a reinvestir ante os primeiros sinais de estabilização", afirmou.
"Nossas medidas só podem construir uma ponte para um futuro mais estável", disse o presidente do BCE, que pediu que elas sejam acompanhadas de medidas estruturais pelos Estados.
Apesar de este plano, denominado OMT, ter sido recebido com alívio pelos mercados, ele foi duramente criticado na Alemanha, mesmo com o apoio oficial do governo.
O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, membro do Conselho de Governadores do BCE, foi o único a votar contra este programa, comparando-o com "um financiamento dos Estados por meio da impressão de dinheiro".
Draghi afirmou ao Bundesbank seu "enorme respeito", afirmando que algumas de suas preocupações são compartilhadas.
"Contudo, nosso objetivo é restaurar a transmissão monetária em meio a nosso mandato", disse.
Antes de seu discurso ante o congresso da BDI, Mario Draghi se reuniu com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Angela Merkel e Mario Draghi "estão de acordo que continua sendo necessário na Europa, tanto no plano nacional como na colaboração no seio da União Monetária, uma disposição considerável para implementar reformas para alcançar uma melhor competitividade e ser de novo digna de confiança", segundo o comunicado divulgado após a reunião.
Por outro lado, o presidente do BCE disse "confiar" na capacidade dos governos europeus de chegar a um acordo sobre a proposta da Comissão Europeia para criar um supervisor bancário.
"Confio que os governos encontrarão um acordo no momento apropriado", disse Draghi.
Paris deseja avançar rapidamente, enquanto que Berlim não quer se precipitar. Também surgiram desacordos sobre a extensão do campo de ação deste supervisor.