Agência France-Presse
postado em 27/09/2012 13:57
Washington - Os países emergentes registraram na última década uma expansão econômica mais robusta e recessões mais curtas do que os países ricos, pela primeira vez na História, segundo um relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira (27/9).Este comportamento econômico melhor em países como o Brasil é fruto da experiência acumulada nos últimos 20 anos, e há razões para acreditar que continuará, a não ser que ocorra outra recessão mundial, indica o Fundo em seu relatório, um dos capítulos de suas previsões mundiais para 2013. "A resistência das economias de mercados emergentes e em desenvolvimento -medida em função de sua capacidade de sustentar expansões econômicas e se recuperar com rapidez das desacelerações - aumentou consideravelmente" nos últimos 10 anos, explicou o texto.
A América Latina e o Caribe têm sido exaltados nos últimos anos pelo Fundo como uma região que se recuperou de forma rápida da grande crise financeira de 2007-2008. As boas políticas econômicas dos países emergentes representam 60% de seu êxito diante das crises recentes, e o restante se deve ao menor impacto dos choques internos e externos, calculam os especialistas, depois de uma revisão das estatísticas dos últimos 60 anos e, em particular, das últimas duas décadas.
Ao acumular reservas, manter uma política de luta contra a inflação e contra os desequilíbrios em conta corrente, assim como seguir uma política monetária flexível, esses países mantêm sua margem de manobra. "Para se proteger de choques futuros, essas economias terão que reconstituir suas defesas e restituir à política econômica a liberdade de ação necessária para reagir aos choques" acrescentaram os economistas. "Existe um risco significativo de que as economias avançadas voltem a sofrer uma desaceleração marcada ou que voltem a surgir vulnerabilidades internas", adverte o relatório, que considera 69 nações como emergentes.
[SAIBAMAIS]Mas ao mesmo tempo "há razões para ser otimista", ressalta, já que "a margem de manobra (...) é mais ampla, graças à diminuição do nível de inflação e ao fortalecimento da posição fiscal e externa". O Brasil registrou uma forte queda de seu crescimento nos últimos anos, dos 7,5% registrados em 2010 para 2,7% no ano passado, e o Banco Central previu nesta quinta-feira uma expansão de 1,6% para este ano. Mas "ainda tem margem de manobra", explicou Abdul Abiad, um dos autores do informe, em uma entrevista coletiva à imprensa.
Os cinco Brics --Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-- representam atualmente 18% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, assim como 40% da população, 15% do comércio e 40% das reservas monetárias do planeta, segundo um relatório divulgado em janeiro. Em contraste, "a dívida pública das economias avançadas atingiu seu nível mais alto desde a Segunda Guerra Mundial", adverte o Fundo em outra seção de seu relatório. Os níveis de dívida bruta de Japão, Estados Unidos, Grécia, Itália, Portugal e Irlanda superam agora 100% de seus respectivos PIBs.