Agência France-Presse
postado em 27/09/2012 19:02
Paris - O Salão Mundial do Automóvel de Paris foi aberto nesta quinta-feira (27/9) sob o fantasma da crise na Europa.A montadora francesa PSA Peugeot Citroen, número dois da Europa, prevê um crescimento do mercado europeu "próximo de zero ou ligeiramente negativo" em 2013, depois de uma queda de 8% este ano, disse o presidente, Philippe Varin, em um encontro com a imprensa.
O presidente da Renault, Carlos Ghosn, compartilha esta análise e fala de um "mercado (...), no melhor dos casos, estável ou, mais provavelmente, ligeiramente em queda", em uma entrevista ao jornal Le Figaro. O grupo revisou para baixo suas projeções para a Europa em até -8% em 2012.
A número um europeia, a alemã Volkswagen, também está pessimista e não espera "nenhuma melhora fundamental e rápida do mercado na Europa", segundo Christian Klinger, membro do comitê executivo. A situação afeta principalmente as montadoras mais dependentes da Europa, como as francesas PSA e Renault e a italiana Fiat.
A PSA, em dificuldades financeiras, já colocou em prática uma série de medidas para reduzir seus custos diante da queda das vendas de carros em França, Espanha e Itália, mercados dos quais depende enormemente.
A empresa também quer suprimir 8.000 postos de trabalho na França, fechar a emblemática fábrica de Aulnay-sous-Bois, nas proximidades de Paris, e economizar milhões de euros, esperando uma recuperação a partir de 2014. A Renault ainda não está nesse ponto, mas não tem certeza se poderá superar seu recorde de vendas este ano, como esperava há apenas alguns meses.
Planos para sair da crise
A crise na Europa obriga as montadoras a se adaptarem. Para Varin, as capacidades de produção devem ser reduzidas no Velho Continente e seu grupo pode não ser o único a atuar nesse sentido. A imprensa divulgou recentemente possíveis fechamentos na Fiat e na Opel, a filial alemã da General Motors.
A Opel colocou mais de 11.000 empregados em situação de desemprego parcial na Alemanha desde o mês passado, o que representa a metade de seu quadro. "É um período difícil. É importante ter um plano para sair da crise. Temos este plano e tenho certeza que encontraremos uma solução", declarou à AFP seu diretor de vendas, Alfred Rieck.
Já a BMW não vai recorrer ao desemprego parcial, afirmou seu chefe de vendas e de marketing, Ian Robertson, graças a "uma demanda superior a nossas capacidades para alguns produtos". Tanto Varin como Ghosn pediram uma redução do custo trabalho e uma flexibilização maior das leis trabalhistas.
O número um da PSA elogiou o desemprego parcial da alemã, o ;Kurzarbeit;, para enfrentar melhor os períodos de redução das atividades. "Quando um setor está em crise na Alemanha, o ;Kurzarbeit; permite aguentar mais tempo", considerou.
Essa questão deverá ser abordada nesta quinta-feira à noite com o ministro da Indústria francês, Arnaud Montebourg, que visitará o salão.
Algumas montadoras, contudo, nadam contra a corrente do pessimismo, como a japonesa Toyota, que espera ter lucros este ano na Europa e aumentar suas vendas. A Toyota, que comercializará novos modelos em breve, é a líder dos veículos híbridos.