Brdo Pri Kranju - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disse nesta quinta-feira (4/10) que o plano de compra de dívida de países da Zona Euro em dificuldades está pronto e que o simples anúncio de sua criação já permitiu a redução das tensões sobre o euro.
Em sua reunião mensal, celebrada no castelo de Brdo, perto de Ljiubljana (Eslovênia), o conselho de governadores do BCE decidiu também manter sua taxa básica em seu mínimo histórico, de 0,75%, vigente desde julho, assim como esperavam os analistas.
Segundo Draghi, não foi nem mesmo mencionada na reunião a possibilidade de reduzir a taxa, em um sinal de que tal decisão não está prevista em um futuro próximo.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) aplaudiu esta decisão "positiva" e disse que o papel desempenhado pelo BCE tem sido "de grande ajuda".
Draghi não anunciou novas medidas contra a crise, mas avaliou positivamente o programa de Transações Monetárias Sem Reservas (OMT, na sigla em inglês) de compra ilimitada de dívida pública a curto prazo dos países da Zona Euro no mercado secundário. Esse programa foi anunciado no mês passado ante o forte receio dos mercados frente à Zona Euro e em particular frente à Espanha e Itália.
"Nossa decisão sobre o programa de compra OMT nos ajudou a aliviar as tensões nas últimas semanas ao reduzir a preocupação sobre a materialização de cenários destrutivos", disse Draghi na coletiva de imprensa posterior à reunião do BCE.
"É essencial que os governos continuem implementando as medidas necessárias para reduzir os déficits fiscais e comerciais, assim como para a realização de medidas de reestruturação do sistema financeiro", disse.
Para Draghi, o BCE adotou um instrumento eficaz.
"Posso dizer que hoje estamos prontos. Colocamos em marcha um mecanismo de apoio plenamente efetivo, cujas condições foram cumpridas", afirmou.
[SAIBAMAIS] Segundo o presidente do BCE, cabe agora aos países que precisarem dele dar o próximo passo, ou seja, formular um pedido de ajuda ao fundo de resgate europeu e submeter-se a um programa de reformas. Até agora, três dos 17 países da Zona Euro - Grécia, Irlanda e Portugal - já recorreram a um resgate global de suas economias.
A Espanha já se beneficiou de um acordo de resgate para seu setor financeiro e tem sido alvo de fortes pressões por parte de alguns sócios europeus para que solicite um resgate global. O país, no entanto, tem se negado a recorrer ao programa OMT do BCE.
"A Espanha não precisa de um plano de resgate", afirmou nesta quinta-feira em Londres o ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos. "A Espanha é uma economia competitiva e viável", completou De Guindos durante um discurso na London School of Economics (LSE).
Na quarta-feira (3/10), o chefe do governo conservador espanhol, Mariano Rajoy, também negou que seu país está prestes a pedir um resgate.
Essa atitude possui o respaldo da Alemanha, que alega que as taxas espanholas têm sido reduzidas desde o anúncio do programa OMT.
Nesta quinta-feira (4/10), a Espanha captou 3,992 bilhões de euros com juros em queda.
Draghi, por sua vez, tem elogiado os progressos realizados por Madri como "realmente notáveis", devido "a todas as medidas anunciadas, aprovadas e aplicadas em tão pouco tempo".
O presidente do BCE citou os progressos dos programas de consolidação fiscal, de reformas estruturais e do setor bancário, mas lembrou que "existem ainda desafios significativos pela frente".