Agência France-Presse
postado em 08/10/2012 20:58
TÓQUIO - América Latina e Caribe têm perdido força ante as incertezas mundiais e seus problemas internos, o que levará a região a crescer 3,2% este ano e 3,9% em 2013, disse nesta segunda-feira (8/10) o Fundo Monetário Internacional (FMI), que reduziu novamente sua previsão regional em seu relatório semestral.O Fundo se mostrou preocupado pelos riscos gerados pelos problemas ainda em aberto na Zona Euro, além de dedicar grande atenção à desaceleração da China e a uma possível crise fiscal no início de 2013 nos Estados Unidos, produto do desacordo político no Congresso desse país.
Como resultado "as previsões (para a região) têm se deteriorado com relação a abril de 2012", explicou o texto, que foi apresentado na assembleia semestral do organismo, desta vez em Tóquio.
Em abril, o Fundo previa crescimento de 3,7% para a América Latina e Caribe, mas em julho a estimativa já havia sido reduzida a 3,4%.
"Espera-se que o crescimento na região retome força ao final deste ano, através dos efeitos geradas pelas medidas de relaxamento da política monetária", disse o Fundo.
O Brasil crescerá 1,5% este ano, México 3,9%, Argentina 2,6%, Colômbia 4,3%. O Peru novamente se destaca com 6%, Chile 5% e Bolívia com a mesma cifra.
O Paraguai exibe o pior dado projetado para 2012: uma contração de 1,5% segundo o Fundo. A Venezuela deve se recuperar em 2012 e subir 5,7% e a América Central 4,3%.
A nível mundial, os Estados Unidos crescerão 2,2% este ano, a Zona Euro apresentará contração de 0,4%, a China crescerá 7,8% e o Japão 2,2%.
O principal motor da região, o Brasil, tem sido prejudicado pelas péssimas condições externas, além da lentidão do impacto das medidas monetárias e fiscais para estimular o crescimento.
Contudo, o Fundo também cita "um incremento da inadimplência após vários anos de rápido crescimento do crédito" bancário do gigante sul-americano.
A região conseguiu se desviar do impacto da crise bancária europeia, em especial a espanhola, que entrou em seu quarto ano, diz o texto.
Na América Latina, o crescimento continua dependendo, como em anos recentes, de diferentes fatores externos como a relação com o mercado norte-americano, como o europeu, ou com as nações importadoras de matérias-primas.
Assim, México e América Central são os que mais têm a perder com uma eventual crise fiscal nos Estados Unidos, produto de uma situação chamada "precipício fiscal".
Segundo o FMI, os Estados Unidos devem eliminar rapidamente a ameaça do chamado precipício fiscal, uma situação que seria gerada ao término do ano caso os legisladores não modifiquem um mecanismo que por lei dispara automaticamente fortes cortes do gasto e aumentos de impostos para os norte-americanos a partir de janeiro de 2013.
"Caso os legisladores (norte-americanos) fracassem (em entrar em um acordo para evitar esta eventualidade), a economia norte-americana pode voltar a cair em uma recessão com consequências catastróficas para o resto do mundo", diz o Fundo.
Em seu relatório, o FMI emprega um modelo de projeção caso a crise europeia seja ampliada. O resultado para América Latina e Caribe seria uma queda de meio ponto porcentual do crescimento estimado para 2012.