Atenas - Em visita à Grécia nesta terça-feira (9/10), a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu para que o país mantenha o foco nos esforços e nos progressos alcançados, apesar dos fortes protestos recentes, inclusive por sua chegada.
A polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar a grupos de manifestantes que tentavam derrubar uma barricada que protegia um dos acessos do local onde Merkel estava reunida com o primeiro-ministro grego, Antonis Samaras.
Enquanto a chanceler alemã se reunia com Samaras e exaltava os "progressos" das reformas exigidas a Atenas, cerca de 25.000 manifestantes protestavam nas ruas em repúdio às medidas de disciplina fiscal pelas quais responsabilizavam a Alemanha.
Duas bandeiras nazistas foram colocadas em uma barreira de metal próxima ao Parlamento e incendiadas.
Na manifestação era possível ler cartazes como: "Fora Merkel, a Grécia não é uma colônia" e "Não ao 4; Reich", em um momento no qual o governo de coalizão grego felicita com uma mensagem de apoio a chegada de Merkel.
Esta é a primeira visita de Merkel à Grécia desde o estouro da crise da Zona Euro, há quase três anos.
Merkel se converteu em uma personalidade odiada na Grécia à medida que o país se viu obrigado, por seus credores, a aplicar drásticos cortes, que levaram o país à recessão, em troca de um resgate financeiro e um alívio de sua dívida.
A chanceler foi caracterizada como Adolf Hitler por um tabloide grego.
"Estou profundamente convencida de que estes esforços valem à pena e que a Alemanha quer ser um bom sócio", disse Merkel em sua primeira visita à Grécia em cinco anos.
"Muito foi alcançado, mas ainda há muito por fazer e Alemanha e Grécia trabalharão juntos", afirmou a chanceler, ressaltando que, se os problemas não forem resolvidos agora, eles se manifestarão mais tarde e de maneira ainda mais grave.
[SAIBAMAIS] Samaras, um conservador eleito em junho, respondeu que a "Grécia está determinada a cumprir com seus compromissos" e afirmou que o povo grego sangra, mas está determinado a vencer a batalha da competitividade.
A visita de Merkel acontece em um momento crucial para Atenas, que está finalizando com a troika de credores (UE, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) um novo pacote de cortes fiscais de ao menos 13,500 bilhões de euros para continuar recebendo os lotes de ajuda financeira internacional.
Segundo uma fonte do ministério de Finanças, o próxima lote de 31,500 bilhões de euros, que Atenas espera há meses, será recebido até o final de novembro.
Contudo, a Grécia deve votar novas medidas fiscais, disse a mesma fonte.
Berlim e Atenas venderam a visita de Merkel como un gesto de solidariedade e estímulo à Grécia em seus esforços de reforma, mas muitos gregos dizem que a visita só servirá para alimentar o ódio.
Christina Vassilopoulo, uma professora de 37 anos, disse que participa da manifestação para protestar pelas "decisões tomadas nas reuniões europeias, nas quais Merkel manipula os participantes".
"Tenho um doutorado e ganho 900 euros por mês, 400 menos que antes. Temos crianças que passam fome e a maioria dos pais estão desempregados", disse.