Agência France-Presse
postado em 09/10/2012 19:28
LUXEMBOURGO - Onze países europeus deram seu apoio a um imposto sobre as transações financeiras, refletindo um projeto impulsionado por França e Alemanha para evitar a especulação e recuperar o crescimento, em meio a perspectivas sombrias para a economia mundial.Para que o plano siga adiante "dentro de um grupo reduzido" é preciso que haja a aprovação de ao menos nove países. Nesta terça-feira, "quatro países se manifestaram a favor, somando onze os países que querem avançar neste tema", anunciou o comissário europeu encarregado pela Fiscalidade, Alfândegas e Luta Antifraude, Algirdas Semeta.
"Quero agradecer aos países que já expressaram seu apoio por carta e aos que o fizeram oralmente nesta terça-feira", disse Semeta durante a reunião em Luxemburgo dos 27 ministros de Finanças da União Europeia (UE), dedicada a reavivar a velha proposta.
França e Alemanha, amparados pela Comissão Europeia (CE), uniram suas forças para colocar em marcha a taxa sobre as transações financeiras apenas em alguns de seus países ante a falta de unanimidade por este tema. Nesse caso, haveria uma "cooperação forçada" entre alguns países europeus.
"Estamos conscientes de que se abre um novo processo, de que isso deve ser feito de forma coordenada pela maioria dos países europeus", disse o ministro de Economia espanhol, Luis De Guindos, que mostrou sua disposição em enviar uma carta à Comissão nos próximos dias, expressando formalmente seu apoio.
"O governo espanhol tentará fazer com que a taxa seja a mais positiva possível do ponto de vista da geração de recursos orçamentários e menos distorcida do ponto de vista do fluxo de capitais", afirmou.
Ao ser interrogado sobre por que a Espanha havia demorado tanto para dar seu respaldo à ideia, De Guindos respondeu: "Os truques de negociação precisam ser guardados até o último minuto", disse.
Contudo, a arrecadação anual a ser obtida dependerá da quantidade e de quais países (de acordo com seu PIB) a utilizarão. O executivo da CE disse que se esta taxa, utilizada sobre todas as operações de ações, bônus e derivados for utilizada no conjunto da UE, poderíamos alcançar uma arrecadação de até 57 bilhões de euros.
A proposta, baseada em uma ideia do Nobel de economia, James Tobin, pretende taxar em 0,1% os intercâmbios de ações e títulos e em 0,01% aos produtos derivados.
O caminho até esta meta, no entanto, ainda não foi delimitado e, em última instância, o Conselho Europeu deverá aprová-la por maioria qualificada para que siga adiante.
O ministro de Finanças holandês, Jan Kees De Jager, disse que seu país rejeita a ideia, mas não a bloqueará, segundo uma fonte europeia próxima à negociação.
Os defensores da proposta afirmam que essas operações, contribuirão para reduzir as especulações financeiras e estabilizar os mercados. Além disso, o setor financeiro terminará de alguma maneira pagando - ainda que minimamente - pelas convulsões provocadas na economia mundial.
Ao mesmo tempo, há países que rejeitam a ideia, entre eles o Reino Unido, país que abriga a principal praça financeira europeia.
"Não somos contra", disse nesta terça-feira o ministro britânico de Finanças, George Soborne. "Contudo, só a consideraremos se todos os centros financeiros do mundo - entre eles Nova York e Hong Kong - a aprovarem", disse o ministro.
A proposta para recuperar o crescimento é ao menos um respiro para os planos anticrise de Bruxelas, pouco depois de o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduzir novamente suas previsões para 2012, a 3,3%, contra 3,5% em julho, devido principalmente à crise na Europa, que se mantém como "a maior ameaça" para a economia do planeta.
A UE deve tomar medidas para "conseguir uma união bancária e uma melhor integração orçamentária" e buscar o saneamento de suas finanças públicas, pediu o Fundo.