Economia

Hollande e Rajoy pedem decisões sobre união bancária antes do final do ano

Agência France-Presse
postado em 10/10/2012 22:49
O presidente francês, François Hollande, e o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, reafirmaram nesta quarta-feira em Paris que possuem concepções e objetivos em comum sobre a crise na Europa e reiteraram que é preciso tomar decisões sobre a união bancária europeia antes do final do ano. Ambos os líderes realizaram uma coletiva de imprensa ao término de uma reunião bilateral, realizada em um momento no qual a Espanha está no foco das dúvidas sobre a necessidade de um plano de resgate. Rajoy, no entanto, descartou o anúncio de um eventual pedido de resgate, respondendo às perguntas sobre o assunto com humor. "A resposta é essa mesma que vocês imaginam", disse. Segundo o líder espanhol, França e Espanha possuem a mesma concepção do que é preciso ser feito nas próximas semanas, com vistas ao Conselho europeu de 18 e 19 de outubro e de meados de dezembro. Hollande, por sua vez, ressaltou a necessidade de obtenção de "meios para atuar", para que a zona do euro possa estruturar-se. "Por isso precisamos avançar em matéria de união bancária", disse. Rajoy também insistiu na necessidade de aplicar as decisões com relação à união bancária tomadas no Conselho Europeu de junho passado. "Falamos de uma união bancária, fiscal e inclusive política. Nós queremos que essas decisões sejam cumpridas", disse, enfatizando que "não há nenhuma razão para que o que se decidiu em junho não seja feito em dezembro", completou. Tanto Rajoy como Hollande insistiram na posição comum com relação à união monetária, o recém criado Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), que poderá recapitalizar diretamente os bancos da zona do euro sem agravar a dívida dos Estados, e a política orçamentárias, mas preservando a Política Agrícola Comum (PAC). "Se preservamos esses mecanismos poderemos avançar por um mecanismo de integração", disse Hollande. Os dois dirigentes manifestaram estar de acordo também quanto à necessidade de permanência da Grécia na zona do euro. Segundo Rajoy, a saída da Grécia do euro seria "um fracasso que não pode ser permitido". "Precisamos fazer tudo o que for necessário para que essa possibilidade não seja nem mesmo cogitada". Relações em seu "melhor momento" No plano bilateral, França e Espanha "estão em seu melhor momento", declarou Mariano Rajoy, apontando para acordos firmados durante esta reunião em matéria de transporte, energia e luta contra a droga. A reunião bilateral franco-espanhola "não era realizada há três anos e já era hora de retomá-la", disse Hollande, que insistiu também na excelência das relações e na vontade dos ministérios do Interior de que os dois países lutem juntos "não só contra o terrorismo, mas também contra o tráfico de drogas". Os dois líderes ressaltaram durante a coletiva de imprensa seus pontos de vista comuns para enfrentar a crise europeia e sobre os principais temas de política internacional, como Síria e o Sahel. "Sem crescimento na Espanha, também não pode havê-lo na França", disse Hollande. Os líderes também relativizaram as previsões pessimistas de crescimento do FMI para seus países, estimando que corresponde aos governos criar as condições de crescimento para desmenti-las. Em suas últimas previsões, o FMI projetou que a França terá em 2013 um crescimento de 0,4%, contra 0,8% esperados pelo governo francês. Para a Espanha, o Fundo revisou sua previsão, estimando que a economia terá contração de 1,3% em 2013, contra -0,6% previstos anteriormente. "Se solucionarmos as questões da zona do euro, se aplicarmos as decisões de controlar as contas públicas e sustentar os investimentos, teremos cifras de crescimento diferentes das previsões feitas até hoje", disse Hollande. Mariano Rajoy, por sua vez, argumentou que, para este ano, a Espanha havia previsto um queda de 1,7% do PIB, mas que os resultados podem na verdade ser melhores. Ainda nesta quarta-feira, a agência classificadora Standard and Poor's reduziu em dois escalões a nota da dívida soberana da Espanha, a BBB-, e a deixou a um passo do nível especulativo. "A redução reflete nossa percepção de riscos crescentes para as finanças públicas da Espanha, devido às crescentes pressões econômicas e políticas", disse a SP's. A agência colocou a dívida soberana em perspectiva negativa, advertindo sobre a possibilidade de um novo corte no médio prazo.

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