Agência France-Presse
postado em 12/10/2012 08:36
O ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, afirmou nesta sexta-feira que "não há alternativa" para a redução da dívida na Eurozona, um dia depois da diretora geral do FMI defender mais tempo para a Grécia.
"Não há alternativa a médio prazo para as dívidas dos Estados que são muito elevadas, sobretudo e em particular para o euro e a zona do euro em seu conjunto", declarou Schauble em um debate em Tóquio com a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
A diretora do Fundo defendeu a redução do ritmo de ajuste fiscal na quinta-feira.
"Ao invés de uma redução frontal e em massa, às vezes é preferível dispor de um pouco mais de tempo", disse Lagarde, que citou três países: Portugal, Espanha e Grécia.
No caso da Grécia, destacou que talvez sejam necessários mais dois anos para que Atenas possa superar a crise.
Schauble afirmou que é necessário esperar o resultado de uma missão europeia que está atualmente em Atenas, mas destacou que a situação na Grécia é "única".
"Um dos problemas da Eurozona é que sempre temos grandes esperanças. E nunca poderemos satisfazê-las totalmente", disse.
Schauble se mostrou cético sobre as mobilizações em países como Espanha ou Grécia, onde a recente visita da chanceler Angela Merkel aconteceu em meio a grandes medidas de segurança.
"Sem pressão, você nunca toma decisões em uma organização democrática", destacou.
Lagarde insistiu que a redução da dívida, dos déficits públicos, é uma "maratona, não um sprint".
O ministro alemão ressaltou que "em uma maratona você não pode parar de correr".
Lagarde disse que é preciso abandonar os objetivos puramente baseados em cifras nominais, que às vezes apenas agravam a crise.
"Não é apenas a consolidação fiscal, mas também as reformas estruturais para melhorar a produtividade, para assegurar que o crescimento vai chegar", explicou.
Para Lagarde, falar de austeridade ou de ajuste fiscal é a mesma coisa.
Além disso, ela disse que a dívida pública acumulada pelos países ricos se aproxima dos níveis alcançados em "tempos de guerra".
"O maior obstáculo (ao crescimento) será sem dúvida o imenso legado da dívida pública que alcança agora na média 110% (do PIB) nos países desenvolvidos, quase o mesmo que em tempos de guerra.
Largarde destacou que enfrentar este nível de dívida com um crescimento anêmico será "incrivelmente difícil" e que é necessário encontrar um "bom ritmo de redução" déficit.
"É um caminho estreito e provavelmente longo, para o qual não existem atalhos", disse.
Também defendeu uma reforma do sistema financeiro, que para ela continua sendo tão pouco seguro quanto no momento da falência do banco americano Lehman Brothers em 2008, que desencadeou a crise financeira.