Agência France-Presse
postado em 25/10/2012 12:54
Londres - O Reino Unido saiu oficialmente da recessão em que estava mergulhado há nove meses, com um crescimento de 1% no terceiro trimestre, uma boa notícia comemorada nesta quinta-feira (25/10) pelo governo de David Cameron que, no entanto, recordou os desafios que a economia britânica ainda enfrenta. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1% em relação ao trimestre anterior, de acordo com estimativas preliminares do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS), que podem ser posteriormente revistas.Este aumento - o maior registrado em cinco anos - é ainda melhor do que o crescimento de 0,6% esperado pelos economistas. Preso entre a crise da Zona Euro e o plano de austeridade do governo Cameron, o Reino Unido caiu em uma segunda recessão no primeiro trimestre depois de ter superado, no final de 2009, uma outra provocada pela crise financeira mundial. O país sofreu a pior recessão dupla desde os anos 1950. "Ainda há um longo caminho a percorrer, mas estes números mostram que estamos no caminho certo", comemorou o ministro das Finanças britânico, o conservador George Osborne.
O anúncio soma-se a uma série rara de boas notícias, como a da diminuição do desemprego e da contínua desaceleração da inflação, que recentemente deu um pouco de descanso às famílias, cujo poder de compra está sob pressão. O governo, no entanto, é cauteloso, especialmente porque a economia se manteve estagnada ao longo de um ano. "Nós ainda enfrentamos muitas dificuldades econômicas no país e no exterior", disse o ministro das Finanças. O primeiro-ministro, que não conseguiu evitar anunciar antecipadamente uma "boa notícia" na quarta-feira ao Parlamento, manteve o mesmo tom de prudência.
[SAIBAMAIS]"Nós ainda temos um longo caminho a percorrer e ainda há dificuldades a superar, mas acredito que esses números mostram que estamos no caminho certo", declarou sobriamente ecoando as palavras de Osborne. "Com o declínio dos padrões de vida, mais aumentos de impostos à vista, pequenas empresas em declínio e a zona do euro ainda em crise, David Cameron e George Osborne não podem descansar sobre os louros e cruzar os dedos na esperança de que tudo vai ficar bem", reagiu Ed Balls, líder da oposição responsável por assuntos econômicos.
A recuperação espetacular no terceiro trimestre de fato foi alimentada por circunstâncias excepcionais, e é pouco provável que a economia do Reino Unido continue em um ritmo tão vigoroso. A economia beneficiou dos Jogos Olímpicos de Londres neste verão (europeu), com um aumento acentuado no setor de serviços, ressaltou a ONS. O aumento é ainda mais acentuado quando comparado com o segundo trimestre em que esta atividade foi afetada por fatores excepcionais, tais como o feriado concedido para o Jubileu da rainha Elizabeth II e as condições climáticas ruins.
"O Reino Unido definitivamente não saiu da floresta escura e uma nova recaída resta como uma possibilidade muito real. O crescimento deve ser limitado pela austeridade fiscal, as condições de crédito apertadas e os problemas sérios na zona do euro", considerou Howard Archer, economista do IHS Global Insight. Com um crescimento subjacente, não levando em conta itens excepcionais, de apenas 0,3%, o país "corre o perigo real de cair em uma recessão tripla em 2013", acrescentou Azad Zangana, economista da Schroders.