postado em 28/10/2012 12:11
Há uma regra básica e já bastante conhecida para se dar bem no arriscado mercado de ações: comprar na baixa e vender na alta. Em resumo, antecipar-se aos movimentos do sobe e desce dos papéis nos pregões. Difícil é saber a hora de fazer isso. Quem investiu parte de suas economias no início do ano no Ibovespa ;índice que registra a variação das 69 ações mais negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM) ; está ganhando apenas 0,92% até a última sexta-feira. Enquanto isso, a caderneta de poupança, a aplicação mais conservadora e segura, rendeu 6,05% líquidos até 1; de novembro. O investidor que comprou títulos público por meio do Tesouro Direto conseguiu até mais de 10% de ganho bruto até agora em 2012, dependendo do papel.Num 2012 que começou até bem para os investidores de ações e havia a expectativa de que o Ibovespa reagisse neste final de ano, a valorização de apenas 0,92% tem um gosto amargo. O motivo foi o agravamento da crise internacional que minou as previsões otimistas de crescimento da economia brasileira de mais de 4% ; não vai passar de 1,6%. Com isso, a tendência de recuperação da bolsa sinalizada no início do ano, após o tombo em agosto de 2011, no auge da crise da Grécia, não aconteceu.
A situação está pior para quem entrou na Bolsa há quase três anos, no início de 2010. Desde então, as perdas estão em torno de 16,4% na média. Depois de uma valorização tímida dos papéis em 2010, de apenas 1,04%, a situação ficou dramática no ano passado, quando estourou a crise na Grécia em meados de junho, e as ações foram à lona. O Ibovespa chegou a registrar perdas de 33% e atingiu sua menor pontuação em 8 de agosto, aos 47.793 pontos.
Quando a Bolsa estava abaixo dos 50 mil, era o momento ideal para entrar comprando. O problema é que muitos investidores já estavam dentro, contabilizando prejuízos. E o sobe e desce desde então só mostra quanto o mercado está arriscado e volátil. É só verificar o que aconteceu no final de 2011 e início de 2012. Empolgados com a perspectiva de maior crescimento da economia brasileira e do mundo este ano, os investidores voltaram às compras. Em janeiro de 2012, o pregão brasileiro já tinha subido até os 57.829 pontos, um ganho de 20% desde o tombo de agosto do ano passado. Em março, chegou a bater 68.969 pontos, mais 19,3% de alta.
Oportunidades
As previsões de bom desempenho das economias, principalmente do Brasil, no entanto, foram ruindo a cada mês, e os investidores passaram a vender suas ações. Desde então, a Bolsa oscila entre 55 mil e 60 mil pontos. Há três semanas, o pregão está em ritmo de queda, desolado com a temporada de divulgação de balanços trimestrais ruins das empresas. Na sexta, o Ibovespa fechou aos 57.276 pontos.
Nesses momentos em que poucos estão interessados na compra de ações é que surgem as oportunidades. Os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central apontam retomada do crescimento do país, próximo de 4% em 2013. ;O investidor deve garimpar os nichos mais beneficiados pelo crescimento do PIB brasileiro;, observa o consultor da Ativa Corretora João Pessine. Nesse cenário, a atenção deve se voltar para as ações de empresas ligadas ao consumo interno, como de alimentos, bebidas e lojas de departamentos.
Em geral, a Bovespa se destaca em ano de crescimento da atividade econômica, já que as empresas vão bem. Pessine alerta que o risco é constante nesse mercado, e as previsões otimistas para 2013 podem não se confirmar, se houver algum problema mais grave na Europa, comprometendo todas as economias globais. Mas quem se antecipar a esse movimento de retomada da atividade produtiva no Brasil pode sair ganhando, pois a tendência é de valorização da Bovespa.
Menos aplicadores
Quem quer aplicar em ações precisa ter sangue frio para não se assustar com as oscilações do pregão. Normalmente, a maior procura por bolsa de valores ocorre justamente nos momentos de euforia, quando as ações já estão muito valorizadas. Com os papéis amargando perdas desde o ano passado, 42 mil pessoas físicas deixaram o mercado no período. Ainda assim, são 568,9 mil brasileiros comprando e vendendo ações diretamente na Bolsa.