Agência France-Presse
postado em 29/10/2012 18:11
Paris - O presidente francês, François Hollande, defendeu nesta segunda-feira (29/10) uma maior regulação, especialmente financeira, para enfrentar a crise, e prometeu tomar decisões para melhorar a competitividade da França, no final de uma reunião com os dirigentes dos principais organismos econômicos internacionais."Se deixarmos os mercados sozinhos, se esperarmos dos mercados e somente deles a resolução da crise, há o temor de que a mesma ainda se perpetue por longo tempo", disse o presidente francês na sede da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em Paris.
Além do secretário geral da OCDE, Ángel Gurría, participaram da reunião os dirigentes da Organização Mundial de Comércio (OMC), Pascal Lamy; do Banco Mundial, Jim Yong Kim; da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Rider, e do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde.
Destacando que "em outros países essa tradição existe", Hollande propôs a seus interlocutores institucionalizar o encontro e se reunir todo ano para fazer uma avaliação da economia mundial e "tirar conclusões sobre o que é preciso fazer no campo da política econômica".
A chanceler alemã Angela Merkel realizará na terça-feira uma reunião similar em Berlim. Ángel Gurría comemorou as "discussões muito frutíferas que nos permitiram colocar a competitividade no centro dos debates".
Já Hollande afirmou sua vontade de atuar rapidamente para estimular a competitividade da França, cuja participação no mercado mundial caiu, desde 1990, de 6,2% a 3,6%.
Hollande indicou que as medidas que serão anunciadas nos próximos dias "após o relatório Gallois" sobre a competitividade "serão as do quinquênio" de sua presidência.
O governo francês receberá oficialmente, no dia 5 de novembro, um relatório sobre o tema, elaborado pelo ex-presidente da empresa aeronáutica EADS, Louis Gallois. A OCDE também publicará, em breve, um relatório sobre a competitividade francesa.
Hollande, que foi acompanhado na reunião pelos ministros Laurent Fabius (Relações Exteriores), Pierre Moscovici (Finanças) e Michel Sapin (Trabalho), confirmou que serão "tomadas decisões já no mês de novembro" no âmbito de um acordo, que abrangerá "todos os domínios da competitividade", incluindo o custo de trabalho.
O presidente se comprometeu que essa política seja aplicada com "visibilidade para os atores econômicos", para que empresários, contribuintes ou poupadores saibam o que será feito nos próximos cinco anos, em nome da estabilidade.
Segundo o chefe de Estado, a "França se encontra diante um triplo desafio": o endividamento, o escasso crescimento combinado com um alto desemprego e a competitividade. Pascal Lamy considerou que o vínculo entre crescimento, competitividade e emprego é "o principal problema da França, e de um certo ponto, da Europa, neste momento".
"Nos próximos cinco anos o meio de criar empregos na Europa é buscar o crescimento onde ele está", ou seja, nos países emergentes, considerou o chefe da OMC.
A França é estimulada regularmente pela OCDE a acentuar suas reformas econômicas, como também pelo FMI, que fez isso no começo de outubro, ao apresentar suas previsões de crescimento para o país.
O crescimento é um objetivo essencial da política econômica de François Hollande, em um contexto de agravamento da crise, marcada na França pelo aumento do desemprego e por uma degradação da conjuntura.