Pedro Rocha Franco
postado em 31/10/2012 07:59
O gargalo logístico brasileiro consome até 22,69% da receita bruta de setores da cadeia produtiva nacional. A associação de estradas em condições precárias com a falta de integração dos modais (rodovias, portos, aeroportos e hidrovias) de transporte obriga as empresas a disporem de verba bilionária para deslocar produtos e matéria-prima pelo país, segundo estudo inédito da Fundação Dom Cabral. Os setores de bens de capital, construção e mineração são os que mais sentem os estragos provocados pela péssima infraestrutura brasileira, com custos superiores à média registrada entre as companhias consultadas (13,14%).
O levantamento tem como finalidade avaliar as despesas com logística no país. Foram ouvidas 126 empresas (entre elas, a Petrobras, a Vale e a Fiat), que, juntas, faturam o equivalente a um quinto do Produto Interno Bruto (PIB). O transporte de longa distância corresponde a 38% da composição do custo com distribuição de produtos. E a principal razão são as péssimas condições das estradas. Esse fator é apontado por 54,5% dos entrevistados como fator-chave para os gastos adicionais.
A solução para esse quadro desanimador não está, no entender de mais de 70% dos entrevistados, no investimento em infraestrutura rodoviária, mas, sim, na melhor gestão das ferrovias com integração multimodal. ;As empresas estão conscientes que, mesmo se melhorar as rodovias, a concentração de carga mantém o preço em alta por causa do monopólio do frete. É preciso ter maior concorrência entre os modais de transporte para reduzir o custo;, afirmou o coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo de Tarso Resende.