Bruxelas - O PIB dos 17 países da Eurozona se contrairá 0,4% neste ano e o crescimento ficará em ponto morto em 2013 (%2b0,1%), advertiu nesta quarta-feira (7/11) a Comissão Europeia, ao apresentar um cenário muito pior que o previsto inicialmente.
"A Europa está atravessando um processo difícil de reequilíbrio macroeconômico, que durará um tempo. Nossos prognósticos apontam para uma melhoria gradativa do crescimento no início do próximo ano", afirmou Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia e titular de Assuntos Econômicos e Monetários.
Os prognósticos de outono para os 27 países da UE são terríveis e aniquilam todos os focos de otimismo que os dirigentes europeus expressaram nos últimos dias. O Executivo comunitário previu em maio uma queda de 0,3% em 2012 e um crescimento de 1% em 2013 para os países da União Monetária.
As perspectivas são ruins para França, Espanha e Itália, três das quatro principais economias da Eurozona.
A Alemanha, motor da Eurozona, ficou fora da lista negra, com uma previsão de crescimento de 0,8% em 2012 e 2013, tal como também previram nesta quarta-feira os "cinco sábios" economistas que assessoram ao governo alemão da chanceler Angela Merkel. Apesar de esse novo crescimento alemão ser significativamente menor que o 1,2% previsto há seis meses pela CE, os dados ainda refletem os desequilíbrios crescentes entre as 17 economias da Eurozona.
"Devemos corrigir os erros básicos" da construção europeia e "cumprir com as regras", disse Merkel em Bruxelas. "Devemos evitar uma Europa a duas velocidades", afirmou, antes de partir para Londres.
A economia da França crescerá apenas 0,4% em 2013, segundo as projeções, muito menos otimistas que as do governo francês, que aposta em um crescimento do PIB de 0,8%.
A Comissão prevê, além disso, que o déficit público francês continue acima da meta oficial de 3% do PIB tanto em 2013 quanto em 2014, alcançando 3,5% em ambos os casos.
Os dados são especialmente sombrios para a Espanha. O PIB espanhol cairá 1,4% em 2013, contra o 0,5% previsto pelo governo conservador. Em 2012, o crescimento espanhol também entrará no vermelho (-1,4%).
Estes dados não conseguirão melhorar os números de desemprego. Pelo contrário, a CE acredita que em 2013 a taxa de desemprego na Espanha alcançará 26,6%, superando um quarto da população economicamente ativa do país.
O governo de Mariano Rajoy tampouco poderá cumprir com suas metas de déficit em 2013, e em 2014 alcançará um rombo fiscal de 6,4%, ou seja, mais do dobro dos objetivos acertados com Bruxelas, considerou a CE.
Se o governo espanhol não adotar medidas corretivas, o déficit público alcançará 8% do PIB neste ano, 6% em 2013 e 6,4% em 2014, contra os 2,8% que Rajoy acordou para este último ano com Bruxelas, disse a CE.
Ou seja, a "Espanha se encontra diante de um verdadeiro problema: ou se concede a ela uma extensão (para cumprir com a meta de déficit) somada a que já obteve em junho", ou deverá tomar medidas de ajuste adicionais, afirmou uma fonte europeia.
[SAIBAMAIS]Do contrário, afirma, o terceiro caminho é muito pior: a Espanha pode enfrentar sanções por inadimplência, segundo o Pacto Fiscal Europeu.
A Comissão prevê uma deterioração significativa das perspectivas para a Espanha em relação às anteriores, em concordância com as projeções do FMI.
A Itália - que também iniciou um estrito programa de reformas - terá um crescimento negativo neste ano, com um PIB que se contrairá 2,3%. Em 2013, a queda será de 0,5%.
O desemprego na Eurozona será de quase 11,8% em 2013, impulsionado pela Espanha, com 26,6%, acrescentou a Comissão.
Segundo as previsões do Executivo comunitário, a Grécia é um dos poucos países a trazer uma boa notícia. A economia grega alcançará finalmente uma recuperação de 0,6% em 2014, após seis anos de profunda recessão.