Agência France-Presse
postado em 09/11/2012 11:19
Pequim - Os dirigentes que participam do 18; congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) poderão ostentar os bons indicadores econômicos de outubro, publicados nesta sexta-feira (9/11), para encorajar as esperanças de uma recuperação do crescimento da segunda economia mundial.As altas da atividade industrial, das vendas ao varejo e dos investimentos em bens de capital se aceleraram no mês passado, e a inflação alcançou seu nível mais baixo em quase três anos, segundo números do Escritório Nacional de Estatísticas. A retomada da atividade em outubro faz os analistas esperarem uma aceleração do crescimento da potência asiática, que caiu a 7,4% no terceiro trimestre, mantendo-se em baixa pelo sétimo trimestre consecutivo e que registrou seu pior nível desde a explosão da crise financeira mundial.
O aumento da produção industrial alcançou 9,6% em ritmo anual, contra 9,2% de setembro (e se situa em 10% nos dez primeiros meses do ano). As vendas ao varejo, indicador do consumo dos lares, alcançaram 14,5% interanual em outubro, contra 14,2% em setembro. Por outro lado, o aumento dos investimentos em bens de capital (instalações, máquinas e equipamentos) se acelerou levemente até 20,7% nos 10 primeiros meses do ano, contra os 20,5% dos nove primeiros.
Estes investimentos representavam mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) chinês no ano passado e se beneficiam das recentes medidas de apoio à atividade desenvolvidas pelo governo para reverter a desaceleração do crescimento. Paralelamente a estes aumentos, o índice de preços continuou a desaceleração até 1,7% interanual, caindo ao seu nível mais baixo desde janeiro de 2010, uma situação que dá margem ao governo para manter a atividade, flexibilizando sua política monetária.
Estes bons dados chegam no momento em que o PCC realiza um congresso para designar a nova geração de dirigentes do país. Xi Jinping deve substituir Hu Jintao como secretário-geral do Partido e, em 2013, como presidente da República Popular da China. "Aqui está um conjunto de dados agradáveis para dar as boas-vindas aos novos dirigentes da China", comentaram Alistair Thornton e Ren Xianfang, economistas do IHS Global Insight, uma consultora com base em Pequim. "O governo não podia permitir colocar em perigo a economia em novembro e sua estratégia de manter o crescimento parece ter dado frutos durante os últimos meses", indicaram os dois economistas.
Segundo Lu Ting, do Bank of America-Merrill Lynch, agora é possível afirmar que o crescimento começará a se recuperar no quarto trimestre. "Mantemos nossa previsão de 7,8% para o quarto trimestre e de 8,3% para a primeira metade de 2013 e esperamos que nossos competidores revisem em breve em alta as suas previsões", declarou Lu. Segundo este economista, são esperadas "mais medidas de flexibização (monetária), mas não um grande plano de estímulo".
Para responder à crise de 2008, Pequim adotou um plano de recuperação de 400 bilhões de euros e abriu as comportas do crédito. Mas o estímulo à demanda interna provocou um aumento da inflação, que chegou em julho de 2011 a 6,5% interanual. Posteriormente, a inflação retrocedeu devido ao efeito de uma política monetária mais restritiva para evitar uma bolha imobiliária e graças à queda de preços das matérias-primas no mercado mundial.
Mas as autoridades chinesas voltaram a flexibilizar sua política monetária em dezembro passado, diante do risco de uma forte desaceleração num momento em que a crise de dívida na Europa provoca dificuldades para seus exportadores. O Banco Central diminuiu em três ocasiões o nível de reservas obrigatórias dos bancos para permitir realizar mais empréstimos e reduziu duas vezes as taxas de juros. Pequim também retomou neste verão (hemisfério norte) os investimentos em certas infraestruturas, como os transportes ferroviários.