Economia

Primeiro-ministro Antonis Samaras defende em Bruxelas a causa grega

Agência France-Presse
postado em 13/11/2012 16:00
Bruxelas - O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, dirigiu-se nesta terça-feira (13/11) à Bruxelas para acelerar o desbloqueio da ajuda europeia, depois que os ministros da Eurozona postergaram em uma semana todas as decisões para aliviar a pesada carga da dívida grega.

Os ministros de Finanças da Eurozona voltarão a se reunir no dia 20 de novembro para o desembolso de um lote de 31,2 bilhões de euros de ajuda à Grécia, pendentes desde junho, em meio a fortes dúvidas e desacordos sobre quando e como o país devolverá os empréstimos concedidos até o momento. No próximo dia 20 de novembro devemos adotar "uma solução definitiva para a Grécia", disse nesta terça-feira o ministro de Economia espanhol, Luis de Guindos, em meio a uma reunião com seus homólogos da União Europeia (UE). "Isso será fundamental para todos", disse.

"Nosso objetivo é alcançar um acordo de princípios para 20 de novembro e submetê-lo a aprovação (dos parlamentos europeus)", afirmou o ministro de Finanças francês, Pierre Moscovici. A Espanha é um dos mais interessados na resolução da questão grega, pois o país possui uma exposição de 25 bilhões de euros à dívida da Grécia, decorrente de programas de resgate nos quais participou: o primeiro através de empréstimos bilaterais e o segundo através do FEEF (Fundo Europeu de Estabilidade Financeira).

[SAIBAMAIS]Samaras advertiu em várias ocasiões que a Grécia precisava desesperadamente da ajuda europeia antes de 16 de novembro, data na qual o país enfrenta um vencimento da dívida de cerca de 5 bilhões de euros. Segundo o ministro de Finanças grego, Yannis Stournaras, o risco de que a Grécia declare uma suspensão de pagamento de sua dívida é muito elevado. "Devemos ter cuidado. Entendo que haja pressão para que Grécia empreenda medidas exigidas em troca da ajuda, mas não podemos esquecer dos riscos de default", disse ante o Parlamento Europeu em Bruxelas.



O país conseguiu captar nesta terça-feira 4,062 bilhões de euros em letras a um e três meses, com juros de 3,95% e 4,2%, respectivamente, o que lhe permitirá reembolsar o dinheiro a seus credores, anunciou a agência de gestão da dívida pública (PDMA). Contudo a Grécia, em meio a uma profunda recessão que tem piorado durante cinco anos consecutivos e um desemprego que afeta mais de um quarto da população ativa, precisa de dinheiro não só para se financiar, mas para reativar o emprego e o crescimento.

Atenas não pode permitir que a Eurozona continue atrasando a ajuda, correspondente às duas linhas de crédito de um total de 240 bilhões de euros concedidos ao país para evitar uma suspensão dos pagamentos. As autoridades gregas, no entanto, têm que enfrentar diariamente a indignação de seus cidadãos, que sofrerão novos cortes de salários, aposentadorias, saúde e prestações sociais, enquanto o desemprego segue em alta. O Parlamento grego adotou no domingo o orçamento para 2013, que inclui uma economia de 9,4 bilhões de euros, reivindicado pela UE e pelo FMI.

Mais de 150 dos 300 deputados apoiaram o projeto de orçamento, incluindo os legisladores dos três partidos da coalizão governamental que inclui a direita, os socialistas e a esquerda democrática, cumprindo assim uma etapa considerada necessária para continuar recebendo os empréstimos outorgados à Grécia pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional.

Durante o debate que antecedeu a votação, o ministro das Finanças, Yannis Sturnaras, disse que a aprovação do orçamento garante a entrega dos fundos. O problema é que a Eurozona se pergunta agora como poderão as autoridades gregas cumprir com as reformas e devolver os fundos, em meio a uma profunda recessão que deve continuar no ano que vem pelo sexto ano consecutivo.

Principalmente porque os países europeus estão de acordo agora em conceder ao país uma prorrogação de dois anos para cumprir com a meta de déficit inferior a 3%, mas não querem injetar mais capital no país. A Grécia precisará de 32,6 bilhões de euros caso seja estendido por mais dois anos o prazo para o país cumprir com sua meta de déficit de 3% (que seria estabelecida em 2016 no lugar de 2014), disse nesta segunda-feira o relatório da troika (UE, FMI, BCE), do qual a AFP obteve uma cópia.

Segundo a troika, as necessidades de financiamento da Grécia serão elevadas a 15 bilhões de euros até 2014 e a 17,6 bilhões até 2016, mas esses valores estão sujeitos a mudanças, disse o relatório. Sem a extensão de prazo, a necessidade de financiamento seria de 22,900 bilhões de euros até 2016.

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