Economia

Chanceleres discutem declaração da cúpula ibero-americana

Agência France-Presse
postado em 16/11/2012 15:49
Cádiz - Os ministros das Relações Exteriores dos países ibero-americanos iniciaram nesta sexta-feira, na cidade espanhola de Cádiz, as discussões da Declaração que marcará a XXII Cúpula de Chefes de Estado, com um diálogo que se centra nas consequências sociais da crise.

"Analisamos a Declaração de Cádiz e dialogamos muito sobre a crise, conversamos muito sobre suas consequências e, em especial, sobre o aspecto mais difícil, o desemprego, o que mais nos afeta", disse o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, em uma coletiva de imprensa.


Em uma reunião prévia à abertura oficial da cúpula, durante a tarde, os funcionários diplomáticos dos 21 países presentes analisaram "a crise mundial e as alternativas para uma saída", afirmou. "Podemos dizer que é praticamente um consenso que as medidas de austeridade são necessárias, mas não suficientes. A chave é o crescimento", acrescentou.

Os ministros das Relações Exteriores também devem analisar, durante o almoço, "a situação entre Israel e os palestinos, Síria, Irã e a instabilidade no Sahel, e a forma como tudo isto nos afeta", disse.

Pouco antes, um funcionário diplomático brasileiro havia assegurado que as discussões para definir a Declaração de Cádiz colocaram em evidência "um contexto" novo na América Latina e na Europa.

"Será uma Declaração política, para dar sentido político a uma reunião convocada sob o lema de uma ;relação renovada;", explicou. "Os temas podem ser os mesmos de outras cúpulas, mas o que mudou é a situação de nossos associados, é um contexto novo", disse.

Segundo este diplomata, próximo às negociações, na reunião de Cádiz "alguns de nossos associados estão em uma situação diferente da que estavam nas cúpulas anteriores, inclusive na última".

O diplomata disse que a crise "mudou a posição relativa dos atores".

Os países latino-americanos "estão crescendo. De forma que somos agora parte da solução, e não parte do problema", assegurou.

"A Declaração, como é habitual, terá eixos temáticos, como o comércio, a ciência e a tecnologia, o fortalecimento do Estado e a inclusão social. Mas o lema do encontro é uma ;relação renovada;. Então, queremos nos empenhar em indicar caminhos possíveis a serem seguidos para a comunidade ibero-americana", disse o diplomata.

Em um evento marcado pela aguda crise que atinge Espanha e Portugal, a importância atribuída à presença da presidente Dilma Rousseff, líder da sexta maior economia do mundo, destaca as transformações registradas na região.

De acordo com o porta-voz da chancelaria brasileira, Tovar Nunes, para Dilma e sua diplomacia o momento é de solidariedade com Espanha e Portugal, mas também de expressar a convicção de que a conjuntura pede "menos ajuste e mais indução ao consumo e à criação de emprego".

Esta discussão, no entanto, se limitará aos bastidores e às reuniões plenárias. Os chefes de Estado e de Governo realizarão no sábado duas reuniões nas quais cada um terá oportunidade de se expressar, mas o momento chave será o almoço a portas fechadas que realizarão sem nem mesmo a presença dos chanceleres.

Neste sentido, a pedido do presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, o presidente chileno Sebastián Piñera falará sobre "o impacto da crise econômica na Ibero-América e sobre as respostas ibero-americanas à crise", segundo sua agenda.

Além das já tradicionais declarações de apoio à soberania argentina sobre as ilhas Malvinas, à condenação das leis americanas de bloqueio comercial a Cuba e ao pedido de descriminalização do mascado de folha de coca, o Brasil irá propor na cúpula um documento sobre "inclusão social de afrodescendentes".

À espera da abertura oficial, Cádiz recepcionava as delegações e os mais de mil jornalistas de 35 países acreditados para um evento ao qual só devem faltar os presidentes de Cuba, Venezuela, Argentina, Guatemala e Uruguai, representados por seus vice-presidentes ou chanceleres.

Dos 22 países membros, o Paraguai será o único ausente, devido ao conflito com seus sócios do Mercosul e da Unasul provocado pela destituição do presidente Fernando Lugo.

À margem da cúpula, Rajoy previa para esta sexta-feira reuniões bilaterais com os presidentes de Colômbia, Equador, Honduras e Bolívia, assim como com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.

O chefe do executivo também iria almoçar com o presidente do México, Felipe Calderón, um encontro já tradicional desta cúpula, na qual também participava o rei Juan Carlos da Espanha.

O monarca se reuniu, por sua vez, com o colombiano Juan Manuel Santos e com o equatoriano Rafael Correa, antes de jantar com os presidentes.

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