Economia

Líderes ibero-americanos procuram reforçar cooperação contra crise

Agência France-Presse
postado em 17/11/2012 12:08
Espanha - Fortalecer o comércio e o investimento, com estabilidade jurídica e financeira, e ajudar as empresas a criar empregos é a fórmula contra a crise defendida pelos líderes ibero-americanos reunidos neste sábado, na cidade espanhola de Cádiz, em uma cúpula que busca reequilibrar a relação entre países.

"No contexto atual de dificuldades é necessário prestar uma atenção especial às políticas de crescimento econômico", afirmou o presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, ao inaugurar a sessão de trabalho dos chefes de Estado e de Governo.

Ele enfatizou ainda que "atualmente a América Latina possui uma posição de partida mais vantajosa que a Europa para superar a crise".

"Em um novo cenário global em que a América Latina ganha peso específico e centralidade por seu desenvolvimento econômico, a Espanha, como anfitriã, busca com esta cúpula estabelecer uma relação renovada que podemos definir como uma via de mão dupla plena entre ambos os continentes", acrescentou.

A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, em sua intervenção atacou as políticas de austeridade para enfrentar a crise e defendeu a adoção de medidas de estímulo ao crescimento e à inclusão social.



Dilma sustentou enfaticamente que o Brasil "defende que a consolidação fiscal exagerada e simultânea não é a melhor resposta à crise mundial, e que pode até agravá-la, levando a uma maior recessão", e acrescentou que esta visão permitiu ao Brasil superar os efeitos da crise a partir de 2008.

[SAIBAMAIS]No discurso seguido com atenção pelos chefes de Estado e de governo de Espanha e Portugal, países europeus fortemente atingidos pela crise, a presidente da sexta maior economia do mundo afirmou que a austeridade, por enquanto, submeteu suas populações a "enormes sacrifícios".

Para enfrentar a crescente insatisfação social, acrescentou, é necessária a adoção de uma estratégia que "mostre resultados concretos para as pessoas e apresente um horizonte de esperança, não apenas a perspectiva de mais anos de sofrimento".

Além disso, a austeridade sequer foi capaz de consolidar seu objetivo principal, o equilíbrio fiscal, afirmou ainda.

O impacto social da crise da dívida europeia se converteu no tema central na Cúpula Ibero-Americana de Cádiz, em um contexto generalizado de questionamento às medidas de austeridade como forma prioritária para a superação da conjuntura.

Segundo um rascunho da declaração final ao qual a AFP teve acesso, a cúpula deve abordar "o impulso do comércio mediante um acordo ambicioso, integral e equilibrado das negociações da Rodada de Doha da OMC", além de "potencializar os mercados regionais para promover a integração econômica entre os países ibero-americanos".

O tema da segurança jurídica, que interessa especialmente à Espanha depois da desapropriação da petroleira YPF da Repsol pela Argentina, também é fundamental para os dirigentes de empresas multilatinas presentes no encontro.

A cúpula deve aprovar, assim, a criação de um Centro Ibero-americano de Arbitragem, que permita uma resolução rápida e simplificada dos conflitos, além de uma Carta Ibero-americana das Pymes destinada a impulsionar as pequenas e médias empresas como elementos-chave para o desenvolvimento e a criação de emprego.

Os chefes de Estado e de Governo devem manter neste sábado duas reuniões plenárias e um almoço a portas fechada, antes de aprovar o texto final do encontro.

Um total de 21 países estão presentes no encontro, que não conta com a presença do Paraguai devido a uma divergência com seus sócios da Unasul e Mercosul por causa da destituição do presidente Fernando Lugo.

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