Agência France-Presse
postado em 20/11/2012 15:24
Bruxelas - Os ministros da Eurozona planejam chegar nesta terça-feira (20/11) a uma solução definitiva para a Grécia, através de um mecanismo que alivie sua dívida e que satisfaça as exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI), permitindo assim o desbloqueio de uma parte do resgate, sujeito a estritas condições."Há uma grande possibilidade de que alcancemos um acordo esta noite", disse o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, à imprensa em sua chegada à Bruxelas. Cada integrante da troika dos principais credores de Grécia (UE, FMI e Banco Central Europeu) "deve fazer um esforço", disse uma fonte europeia.
[SAIBAMAIS]O Eurogrupo convocou uma reunião extraordinária com a intenção de desbloquear finalmente um lote de 44 bilhões de euros de um resgate pendente desde junho. A troika ao menos já chegou a um acordo para dar à Grécia dois anos mais para que o país cumpra a meta de déficit de 3% de seu PIB - para 2016 e não mais para 2014. Contudo, esse adiamento implica que a Grécia necessitará de outros 32,6 bilhões de euros mais.
O grande dilema então é como financiar essa operação sem injetar mais fundos na Grécia e ao mesmo tempo dar uma solução que reduza a dívida do país, que já arrasta cinco anos consecutivos de recessão.
A pressão é muito alta: os europeus devem encontrar uma fórmula que responda às estritas condições que impõem países como Alemanha e Finlândia para seguir entregando ajuda, ante as dúvidas de que possa chegar a reembolsá-la, e não golpear mais o governo grego que enfrenta uma população farta de cortes e austeridade.
Os sócios europeus de Grécia creem que a resposta "mais fácil" seria dar ao país dois anos mais, até 2022, para que a dívida grega se torne sustentável.
Contudo, o FMI é inflexível nesse ponto e insiste em que a linha limite para situar a relação dívida/PIB de Grécia a 120% é 2020. Do contrário, o organismo se retirará do programa de resgate do país heleno.
Mesmo após duas linhas de crédito dos credores, totalizando 240 bilhões de euros, a dívida pública grega alcançará no próximo ano quase 190% do PIB, ou seja, 346,2 bilhões de euros, segundo as últimas previsões. "Todos terão que alcançar um acordo", disse a fonte europeia que pediu para não ser identificada.
A partida será complicada. É quase impossível que o setor público (credores institucionais), que detém 70% da dívida pública grega, aceite um perdão similar como aprovou o setor privado no início do ano, como propõe o FMI.
Ante uma união monetária que já entrou em recessão, e à medida que se aproximam eleições na Alemanha, ninguém quer assumir a responsabilidade de pedir mais aos contribuintes europeus.
As possibilidades para reduzir a dívida são variadas e não excludentes: reduzir as taxas de juros que a Grécia tem que pagar, uma moratória no pagamento dos juros, uma extensão dos vencimentos, a devolução por parte do BCE dos juros que obteve da Grécia e uma recompra da dívida grega através de um empréstimo do fundo de resgate permanente (MEE).
O mais provável é que ao final de uma longa reunião, que poderá terminar na madrugada de quarta-feira, os europeus combinem várias destas opções.
A Grécia já fez frente na semana passada ao reembolso de 5 bilhões de euros em títulos da dívida a curto prazo, graças a uma emissão de dívida realizada recentemente.
Contudo, o país continua enfrentando novos vencimentos e graves problemas de liquidez que impedem uma reativação do emprego e do crescimento.
A economia da Grécia, que se apoia principalmente no consumo interno, foi gravemente afetada pela queda do poder aquisitivo devido à austeridade que se aplica desde 2010, após o estouro da crise da dívida.
As autoridades gregas advertem que o país não terá mais remédio que declarar suspensão de pagamentos se não receber ajuda. Principalmente depois que o Parlamento aprovou o projeto de orçamento de austeridade para 2013 com 18,1 bilhões de euros adicionais até 2016, as duas condições impostas para obter os fundos de emergência.