Agência France-Presse
postado em 22/11/2012 15:31
Bruxelas - A Europa iniciará nesta quinta-feira (22/11) à noite uma série de reuniões para aprovar o orçamento comum 2014-2020, com o desafio de conciliar a determinação do Reino Unido, que exige drásticos cortes, com a vontade dos países que querem minimizar as reduções para manter as ajudas."A grande batalha do orçamento começou", escreveu a comissária europeia Cecilia Malmstr;m em sua conta no Twitter.
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, abrirá a reunião de chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE) e apresentará uma proposta de orçamento comunitário plurianual, que corrige um projeto da semana passada.
Contudo, durante toda a sessão, estão previstas reuniões com cada um dos líderes dos 27 países para escutar suas exigências e seus pontos fundamentais.
O presidente da UE deverá fazer o possível para convencer o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que já ameaçou vetar o pacote orçamentário caso suas exigências de cortes não sejam satisfeitas.
Provavelmente por esta razão, Cameron iniciou a série de reuniões bilaterais, chamadas "confessionário", com Van Rompuy. Nem bem chegou a Bruxelas, o primeiro-ministro britânico anunciou sua intenção de defender os contribuintes britânicos.
"Em um momento no qual estamos tomando decisões difíceis em casa sobre o gasto público é um grande erro fazer propostas para aumentar o gasto na UE", disse.
Nas últimas semanas, Londres ameaçou vetar um possível acordo na reunião europeia caso não se mantinha intacto o "cheque britânico", vigente desde 1984, que compensa o Reino Unido pelas subvenções agrárias que recebem outros países da UE.
Colocar os fundos comunitários suficientes no orçamento para estimular o crescimento ou cortar gastos em tempos de crise: o assunto causa fissuras nas instituições europeias (Conselho Europeu, Comissão Europeia e Parlamento Europeu).
Van Rompuy deverá fazer o impossível para agradar os 27 países, em situação econômica muito distinta, que querem o melhor pedaço da torta de um pacote orçamentário que equivale a 1% do PIB da UE.
O novo plano de Van Rompuy substitui outro orçamento que o mesmo fez na semana passada com cortes de quase 80 bilhões em um orçamento de mais de um trilhão de euros elaborado pela Comissão Europeia, através principalmente da redução dos fundos de ajuda às regiões (quase 30 bilhões de euros) e na Política Agrícola Comum (PAC) de cerca de 25,5 bilhões de euros.
A ideia é convencer os contribuintes que põem mais fundos no orçamento) liderados pela Alemanha.
Contudo, tanto Alemanha quanto outros países como Dinamarca, Suécia, Áustria, Holanda e Finlândia querem ainda mais cortes.
Este grupo choca com os interesses dos "amigos da coesão", entre eles Espanha e Itália, que pedem que se leve em conta a situação dos países mais afetados pela crise.
"Não aceitaremos soluções inaceitáveis. (...) É absolutamente necessário que a Itália obtenha melhores resultados que os atuais; a Itália está sendo penalizada de forma desproporcional", disse o chefe do governo italiano, Mario Monti.
A Espanha considerou também "inaceitável" a proposta apresentada por Van Rompuy, que levaria o país a perder 20 bilhões de euros em ajudas em agricultura e coesão, o que seria um duro golpe para regiões como Andaluzia, Galícia, e Castela-Mancha.
As perdas serão outro golpe mais para a economia espanhola que acumula quinze meses consecutivos de queda do PIB e tem um quarto da população ativa desempregada.