Economia

Cúpula europeia sobre orçamento da UE termina sem acordo

Agência France-Presse
postado em 23/11/2012 16:31
Bruxelas - A cúpula europeia sobre o orçamento 2014-2020 terminou nesta sexta-feira (23/11) sem acordo, com o fracasso dos dirigentes em conciliar posturas antagônicas como a do Reino Unido, que exige cortes radicais, e a de muitos países que resistem em perder suas ajudas.



Os debates ficaram para depois. Ainda há tempo, disseram vários presidentes, lembrando que, até agora, nunca uma proposta foi aprovada sem meses de árduas negociações.

"Realmente há um problema porque não houve progressos nas propostas para os cortes adicionais", insistiu o primeiro-ministro britânico, David Cameron, que compareceu a esta reunião sob pressão de seu parlamento para exigir mais cortes.

"Não é o momento de fazer pequenos ajustes. Não é o momento de tirar dinheiro de uma parte do orçamento para outra. Precisamos do corte de um gasto que não podemos nos permitir. É isso que está acontecendo em nossos países e o que deve acontecer aqui", acrescentou.

O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, apresentou na noite de quinta-feira uma nova proposta de orçamentos para 2014-2020 tentando atender a todas as exigências e "linhas vermelhas" que os 27 presidentes do bloco apresentaram ao longo do dia em reuniões bilaterais.

O novo plano, de um total de 972 bilhões de dólares, equivalente a apenas 1% do PIB da UE, contém praticamente os mesmos cortes globais de 80.000 euros que já havia sido proposto na semana passada, apesar de os dividir de forma distinta.

Contudo, segundo fontes europeias, os britânicos esperavam cortes adicionais de entre 40 e 50 bilhões de euros, elevando a quantia total de 120 a 130 bilhões de euros.

Cameron não mudou nem uma vírgula de sua postura. O premier britânico tem um mandato claro e ameaçou vetar o pacote orçamentário caso suas exigências não sejam atendidas.

Ele também quer manter intacto o "cheque britânico" vigente desde 1984, que compensa o Reino Unido pelos subsídios agrários que outros países da UE recebem.

As divergências são muito grandes entre os contribuintes líquidos (os países mais ricos que mais contribuem com o orçamento comum), que exigem cortes, em tempos de austeridade, e os países mais afetados pela crise que não querem renunciar a suas ajudas.

O assunto é tão sensível que provoca discordâncias até nas instituições europeias (Conselho Europeu, Comissão Europeia e Parlamento Europeu).

Tanto o Parlamento como a Comissão insistem que o orçamento deve contemplar menos cortes e superar o bilhão de euros, se o que se busca é reativar o emprego e o crescimento.

Contudo, o Conselho Europeu se alinhou com os que defendem a ideia de "gastar menos e melhor", liderados pela Alemanha, que querem ainda mais cortes, argumentando que a mesma austeridade que se pede nas contas nacionais deve ser aplicada aos gastos europeus.

Os interesses deste grupo se chocam com os dos "amigos da coesão", entre eles Espanha e Itália, que pedem que seja considerada a situação dos países mais afetados pela crise.

A Espanha queria um orçamento "razoável", sobretudo em agricultura. No fim da cúpula, todos saíram insatisfeitos. O problema agora é "quem vai assumir o fracasso", comentou uma fonte diplomática.

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