Rosana Hessel
postado em 02/12/2012 10:05
São Paulo ; O economista Octávio de Barros, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, defende que o baixo crescimento da economia brasileira em 2012 está relacionado, em grande parte, à crise externa. ;Tudo o que poderia dar errado deu errado;, diz. Para ele, 70% do resultado do Pibinho deste ano foi consequência do cenário global. Mas o restante se deve a fatores internos e regionais, como a burocracia que trava os investimentos governamentais. O economista e a sua equipe, de 34 pessoas, ficaram surpresos com o resultado pífio do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre. Ele previa uma alta entre 1% e 1,3%, e já cortou de 1,5% a 1,6% para 1% a expectativa de avanço para este ano. Barros reconhece que a redução da taxa de investimento contribuiu para essa queda, mas ela voltará a crescer em 2013.
Ao ver de Octávio de Barros, não são somente os juros altos e o câmbio que ajudarão o país a crescer. Será preciso mais. Nesse sentido, ele elogia as iniciativas do Executivo para baixar o Custo Brasil, como a redução da tarifa de energia elétrica e a aposta de que o destravamento das concessões em logística ajudará a alavancar o investimento privado. ;Vemos um governo muito pragmático, com uma capacidade de mobilizar o setor privado por meio de concessões em varias áreas;, afirma. Para ele, a pressão inflacionária deverá continuar. O especialista prevê que o indicador fique em 5,2% em 2013, acima do centro da meta. ;O reajuste dos combustíveis deve ocorrer entre fevereiro e março do ano que vem;, projeta. Em relação ao dólar, a estimativa de Barros é para algo entre R$ 2 e R$ 2,10 até o próximo ano, se o cenário externo não se agravar. ;Numa situação extrema, com inflação um pouco fora do controle, seria razoável supor que o governo permitisse uma desvalorização do dólar, que iria abaixo de R$ 2;, diz ele, lembrando que o real foi a moeda que mais se depreciou nos últimos 16 meses.