Economia

Reino Unido amplia austeridade e corta previsões de crescimento

Agência France-Presse
postado em 05/12/2012 15:56
Londres - O Reino Unido ampliou as medidas de austeridade e revisou fortemente para baixo suas previsões de crescimento para os próximos anos, devido a problemas econômicos "profundamente arraigados", anunciou nesta quarta-feira (5/12) o ministro britânico de Finanças, George Osborne.

"O Reino Unido está em um bom caminho e retroceder agora seria um desastre", afirmou o ministro em seu tradicional "discurso de outono" no Parlamento para apresentar as prioridades econômicas do governo e as eventuais correções do orçamento.

Desde que o governo dirigido pelo conservador David Cameron chegou ao poder em maio de 2010 com a promessa de reduzir o enorme déficit do país antes do final de la legislatura em 2015, Osborne instaurou um severo e impopular programa de austeridade, que obrigou os britânicos a apertar o cinto.

E esta austeridade, que já foi prorrogada por dois anos nesta mesma ocasião em 2011, durará agora ainda um ano mais, até 2017/2018, devido à difícil conjuntura atual, o que poderá aumentar ainda mais o mal-estar dos britânicos pelos cortes.

Osborne afirmou aos deputados que os novos cortes aconteceriam "equitativamente, com mais economias nos gastos públicos.

"Sabemos que não há curas milagrosas, apenas o duro trabalho de cuidarmos de nosso déficit", disse.

O governo não poderá cumprir com seu objetivo de redução da dívida/PIB a partir de 2015/2016, quando este será ainda de 79,9%, e terá que esperar ainda um ano para que esta baixe pela primeira vez (para 79,2%).

"Resumindo, as condições econômicas mais severas significam que enquanto se prevê que nosso deficit seguirá caindo, nossa dívida deverá levar quatro anos para começar a cair, contra três previstos anteriormente", disse.

Nesse contexto, o ministro anunciou uma revisão para baixo de suas previsões de crescimento para os próximos seis anos, começando por 2012, sendo que se espera agora uma contração da economia de 0,1%, apesar de uma saída de 15 meses de recessão no terceiro trimestre.

A última previsão para este ano, que datava de março, era de um crescimento de 0,8% e estava baseada na ideia de que a zona do euro, imersa em uma imensa crise, começaria a se recuperar a partir do segundo semestre, explicou o ministro.

Paralelamente, seriam reduzidas também as previsões de crescimento do Produto Interno Bruto para os próximos cinco anos, para 1,2% em 2013, 2% em 2014, 2,3% em 2015, 2,7% em 2016 e 2,8% em 2017, devido a um crescimento mundial mais fraco que o previsto e também de condições de crédito que ainda estão longe de normalizarem-se.

Osborne acredita, no entanto, que a economia britânica está se "recuperando mais rapidamente que as de seus vizinhos" apesar dos "problemas profundamente arraigados tanto dentro do país como no exterior", citando entre outros a crise na zona do euro e a desaceleração da economia chinesa.



Entre as medidas concretas anunciadas por Osborne, figuram cortes nos orçamentos da maioria dos ministérios, a imposição de limites ao aumento de alguns subsídios abaixo da inflação, novas medidas para lutar contra a evasão fiscal que servirão para financiar novas infraestruturas, especialmente rodovias e escolas.

A maior concessão à cidadania foi a eliminação de um aumento previsto de três centavos do imposto sobre os combustíveis.

Para o porta-voz de assuntos econômicos do partido, Ed Balls, a declaração de Osborne revela "a verdadeira escala do fracasso deste governo".

"Enquanto as famílias de classe média e baixa e os aposentados pagam o preço, os milionários recebem reduções de impostos", afirmou.

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