Economia

"Enfrentamos o pior momento da aviação comercial", diz presidente da Gol

postado em 08/12/2012 08:02


Alvo de críticas de clientes e de analistas por ter finalizado subitamente as operações da controlada Webjet, a Gol ainda tenta mostrar ao público controle de gastos para evitar aumentos nas tarifas. Nesta entrevista ao Correio, o presidente da vice-líder do mercado brasileiro de aviação civil, Paulo Kakinoff, afirma que, ao contrário da percepção de consumidores e dos indicadores de inflação, a empresa ;ainda não reajustou; os seus preços, apesar do aviso feito recentemente.

Reduzir a oferta de assentos sem cortar destinos é a principal investida da Gol para lidar com o preço recorde do combustível. Há poucos anos, o item pesava 25% no custo total de operação. Agora, passa de 40% e segue em alta. Ele observa ainda que o alívio de custos esperado com a desoneração da folha do setor, a partir de 2013, será engolida pelo aumento das taxas aeroportuárias e pela criação da taxa de conexão, fruto das recentes concessões de terminais.

;O momento atual, o pior da história do setor no país, nos obriga a tomar atitudes visando à sustentabilidade;, esclarece o executivo. Em 23 de novembro, a Gol demitiu 850 funcionários da Webjet, como parte do processo de encerramento das atividades e da marca. Nos últimos dias, a Gol voltou a fazer a campanha de promoção de trechos a R$ 1.

As líderes Gol e TAM avisaram que reajustariam passagens no fim do ano para compensar a disparada de custos. Essa reação, captada pelos indicadores de inflação, tornou-se realidade?
Infelizmente, ainda não. Continuamos enfrentando o pior momento da história da aviação comercial com enxugamento de despesas e buscando mais eficiência nos negócios. O desafio atual é alcançar o equilíbrio no menor tempo possível, sabendo que, para cada R$ 100 de receita temos R$ 110 de despesa, um deficit operacional de 10%. As tarifas que a Gol vem praticando ultimamente são, na média, as mesmas dos trimestres anteriores. Lamento que a imprensa tenha ajudado a criar essa sensação ao dar grande destaque para a histórica elevação acentuada de preços no período de alta temporada, entre os meses de dezembro e março.

Mas como explicar para o consumidor que uma viagem de Brasília para Fortaleza e Natal
está custando mais de R$ 5 mil?

A combinação de demanda crescente do mercado doméstico ao longo dos últimos anos, das limitações próprias desse período de festas de fim de ano e da disparada dos custos operacionais cotados em dólar, sobretudo o querosene de aviação, explica como uma viagem para o Nordeste pode sair mais cara que uma para o exterior. De todas as dificuldades enfrentadas pelo setor, o elevado preço dos combustíveis é o de maior impacto negativo nos nossos resultados. Apenas nos nove primeiros meses do ano, nossa despesa com combustível representou 43% do custo total. Fica ainda mais fácil de compreender a diferença em relação às tarifas domésticas se observarmos que a pesada carga tributária estadual (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, ICMS) não incide sobre o querosene abastecido para viagens internacionais e que abastecer em Buenos Aires, por exemplo, para o retorno, acaba ficando 40% mais barato. Em São Paulo, a alíquota do ICMS é de 25%.

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