Agência France-Presse
postado em 19/12/2012 13:53
Madri - Com um em cada quatro trabalhadores desempregado e cortes nos ganhos dos que estão empregados - como a supressão dos pagamentos de Natal -, além do aumento do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), os espanhóis terão mais um Natal em crise, gerando preocupações para o comércio, que calcula recuo de quase 50% nos gastos natalinos nestes cinco anos de crise. A associação de consumidores, FUCI, considera que os gastos de Natal recuaram 49% nos últimos cinco anos, para 514 euros em 2012.Para o professor de marketing na escola de comércio Esade, Jaime Castello, o impacto da crise será definitivamente sentido nesta Natal por quase todas as famílias espanholas. "Cerca de 25% das famílias reduzirá drásticamente seu orçamento", explica Castello. "Isso muda a realidade da cultura de compras e obriga uma racionalização maior dos gastos", completa.
Ao mesmo tempo, a gastronomia continua sendo intocável. "O Natal continua sendo o momento de celebrar com a família na mesa", afirma Jaime Castello. A Casa Mira, que fabrica e comercializa produtos natalinos - aberta em 1855 e especializada em torrones -, reduziu sua produção de quase 10 toneladas de torrones antes da crise para entre 8,5 e 9 toneladas este ano.
"Apesar da alta do IVA, preferimos manter os preços e arcar com as perdas para não desanimar os clientes", afirma Amelia Almodóvar, encarregada da loja. Até mesmo as vendas dos tradicionais bilhetes de loteria de Natal, o "décimo", recuaram este ano, afirma o diretor comercial de Loterias e Apostas do Estado, Juan Antonio Gallardo.
"Desde o início da crise, em 2008, até hoje, houve queda de 3,5% dos gastos", afirma. A organização espera obter 3,6 bilhões de euros em vendas de bilhetes, dos quais 70% serão devolvidos em prêmios, algo em torno de 2,520 bilhões, o que faz dessa uma das loterias mais generosas do mundo.
Segundo os comerciantes, os cortes nas aposentadorias também têm influenciado a redução dos gastos de Natal. Prova da insatisfação dos aposentados foi a maniestação de milhares deles nas ruas de Madri na segunda-feira, para protestar contra o corte das aposentadorias e defender o estado de bem-estar social.
Sob o lema "Vamos às ruas contra o corte das aposentadorias. Defenda-se contra as taxas judiciais, as privatizações, as demissões selvagens e a falta de proteção ao desemprego", sindicatos e associações sociais convocaram os protestos em cerca de 50 cidades espanholas. As cidades espanholas enfrentam protestos quase contínuos, em um momento no qual o executivo deve aprovar o orçamento para 2013, que prevê ajuste de 39 bilhões de euros, entre cortes e aumento de impostos.