Economia

Redução de juros e de impostos favorece "capitalismo verdadeiro" no Brasil

postado em 19/12/2012 15:07
As reduções de juros promovidas pelos bancos ao longo deste ano estão contribuindo para que os empresários busquem lucro no investimento produtivo, não na especulação financeira, disse hoje (19/12) o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Na avaliação do ministro, a diminuição do custo financeiro favorece o surgimento do ;capitalismo verdadeiro; no Brasil.

;Agora [é] que o capitalismo verdadeiro está se implantando no Brasil. Quero ver o empresário ganhar dinheiro suando a camisa, com ousadia e espírito animal;, declarou Mantega em café da manhã de quase duas horas com jornalistas. Segundo ele, a queda dos juros permite que os empresários que querem obter lucros assumam riscos ao investir na produção.

De acordo com o ministro, o país está se adaptando a uma nova realidade após um longo período de juros altos, que garantem retornos fáceis para quem aplica no mercado financeiro. ;O povo brasileiro estava viciado em juros. Agora estamos atravessando um período de desintoxicação. No primeiro momento, isso causa problema para todo mundo. Os aplicadores precisam encontrar novos instrumentos;, disse.

Em relação aos bancos, o ministro ressaltou que a redução dos juros estimula o surgimento de novos modelos de aplicação, como títulos privados de longo prazo. Por meio desses instrumentos, os investidores emprestam dinheiro a empresas, que investem os recursos e reembolsam os aplicadores com juros que representam o risco do empreendimento.

;Em vez de ficar com o CDB [Certificado de Depósitos Bancários], que representa um jogo entre os bancos, os investidores estão buscando novos instrumentos, como as debêntures, as letras de crédito imobiliário e as letras de crédito agrícola, que financiam o setor produtivo;, destacou o ministro.

Segundo Mantega, apesar de o ano ter sido de crescimento econômico baixo, o governo promoveu mudanças estruturais na economia, reduzindo os juros, os impostos e mudando o câmbio para níveis mais aceitáveis que não prejudicam os exportadores. ;Foi um ano difícil, mas com grandes realizações e reformas estruturais, que não são imediatas nem trazem felicidade imediata;, declarou.

Para ele, os juros altos provocam distorções em outros setores da economia, com reflexos sobre a carga tributária e o real valorizado. ;Existem distorções gêmeas. A carga tributária se dá, em parte, para pagar a dívida pública que é corrigida pelos juros altos. Ambos penalizam a produção. Da mesma forma, os juros elevados se refletem no câmbio, com a valorização do real;, explicou.

Na avaliação do ministro, as medidas para estimular o consumo foram necessárias para reativar a economia e preservar os empregos, mas foram conjugadas com ações de estímulo ao investimento. ;O investimento é um compromisso com o futuro. Essa confiança está se implantando e vai aumentar. Fizemos o diabo para aumentar os investimentos. O que nós fizemos para estimular os investimentos é dez vezes mais do que gastamos para estimular o consumo;, destacou.

Mantega acrescentou ainda que o país está encerrando um ano de crise próximo do pleno emprego e com o consumo em alta. ;O grande sucesso de uma política é quando você consegue gerar emprego. A população está feliz e viajando. [Os brasileiros] nunca viajaram tanto. Está faltando mão de obra. É uma grande satisfação para mim, uma proeza terminar o ano com emprego, em um ano de baixo crescimento;, disse.

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