postado em 19/12/2012 16:10
Atenas - O aumento da nota grega por parte da agência classificadora Standard and Poor;s causou alívio na Grécia, mas continuam pesando as ameaças sobre a coesão social do país, em plena depressão econômica, ante a perspectiva de novas medidas de austeridade pedidas pelos credores. Na terça-feira (18/12), a agência Standard and Poor;s reverteu a tendência de classificação para a Grécia pela primeira vez desde que começou a crise, ao elevar em seis escalões a nota da dívida desse país, de "default seletivo" para "B-".A Standard and Poor;s classifica agora de "estável" a perspectiva de longo prazo deste país sob assistência financeira internacional. A decisão da agência classificadora "cria um sentimento de confiança", declarou o ministro de Finanças grego, Yanis Sturnaras, ante o Parlamento desta quarta-feira.
"Trata-se de uma recompensa, um primeiro passo ao reconhecimento dos esforços e sacrifícios do povo grego", afirmou. Além do aumento da nota creditícia da Grécia, as autoridades consideram positiva a criação por parte do Banco Europeu de Investimentos (BEI) de um instrumento de financiamento de até 500 milhões de euros, com a finalidade de apoiar as exportaçõs gregas.
Também se considera positivo que o Banco Central Europeu (BCE) aceite de novo que os bancos lhe depositem como garantia de títulos da dívida emitidos pela Grécia, após um relatório da troika sobre as reformas realizadas no país. No dia 20 de julho, o BCE havia parado temporariamente de aceitar estes títulos, à espera das conclusões do relatório.
Por outro lado, após forte recuo dos depósitos bancários provocado pelo temor de que a Grécia saísse da zona do euro, uma fonte bancária disse à AFP que a situação havia voltado à normalidade. "Em setembro e outubro, os depósitos bancários aumentaram um bilhão de euros por mês e se fala de um novo aumento de 700 milhões em novembro", pontualizou a fonte.
Contudo, os sindicatos continuam denunciando as medidas de austeridade que exigem os credores, que "derrubam o país na miséria". Prova do descontentamento foi a greve desta quarta-feira do setor público na Grécia para denunciar a "destruição dos serviços públicos" provocada pelas severas medidas de austeridade do governo.
A mobilização, convocada pelo sindicato do setor público Adedy, afetou o transporte, a administração fiscal, as escolas e hospitais e os serviços municipais. Outro sindicato do setor privado, GSEE, apoia o movimento e convocou paralisações entre as 10h00 e as 13h00 GMT (08h00 e 11h00 de Brasília). Os aviões, por sua vez, permanecerão em terra entre 10h00 e 16h00 GMT (08h00 de 14h00 de Brasília).
Durante a manhã, no horário de pico, o metrô não funcionava em Atenas e foram registrados enormes congestionamentos.
A Grécia já viveu várias greves gerais para protestar contra as medidas de austeridade do governo impostas pelos credores do país, em particular o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia, em troca de ajuda financeira. Para a Grécia, 2012 será o sexto ano consecutivo de recessão.