Economia

EPE contesta Firjan e diz que não haverá racionamento de energia e gás

postado em 19/12/2012 19:23
presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, descartou hoje (19) possibilidade de racionamento de energia no Brasil nos próximos dias. O alerta para o risco de desabastecimento de energia elétrica e de gás até o final deste ano e o início de 2013 foi feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), em nota encaminhada aos sindicatos associados.

A Firjan levou em consideração as condições atuais de geração hidrelétrica e térmica. Tolmasquim considerou uma ;grande responsabilidade; da Firjan fazer uma nota nesse teor, ;porque nós estamos no início do período úmido, as chuvas ainda vão chegar e, ao contrário do passado, temos termelétricas [para acionar];.

O presidente da EPE informou que estão sendo geradas por meio de usinas térmicas 13,5 mil megawatts (MW) de energia. ;E, se precisar, ainda podemos despachar um pouco mais;, afiançou, falando à Agência Brasil. Ele esclareceu que as usinas térmicas são uma espécie de seguro que é pago para ser acionado no momento necessário. ;Não tem razão para isso;, disse, referindo-se à nota da Firjan.

A Firjan informou também que solicitou ao Ministério de Minas e Energia que esclareça qual é a avaliação real da situação e quais as medidas que pretende tomar para garantir a continuidade do fornecimento dos dois insumos, de modo que o crescimento do país não seja afetado.

O fato foi negado pelo presidente da EPE. ;Eles (Firjan) não falaram com o governo. Não chegou nenhum pedido para a gente e foram para a imprensa, não sei com que objetivo. É estranha a atitude deles. Se estavam com alguma dúvida, bastava marcar uma reunião que a gente esclareceria;. A divulgação da nota criou, segundo Tolmasquim, um pânico desnecessário, ;porque a situação está sob controle;.

Segundo argumentou o gerente de Competitividade do Sistema Firjan, Cristiano Prado, o nível dos reservatórios está muito baixo. Ele disse à Agência Brasil que há apenas 29% de água retida nos reservatórios das usinas hidrelétricas do Subsistema Sudeste/Centro-Oeste. ;O nível está muito abaixo da média histórica e dos anos anteriores;. Isso significa, disse, que não há muita margem de manobra para aumentar a geração hídrica.

De acordo com a Firjan, o nível dos reservatórios superava 60% em dezembro do ano passado e hoje caiu à metade, atingindo 29,8%. O gerente acrescentou que a previsão de chuvas não está se concretizando e não há perspectiva de que os níveis vão subir.

Cristiano Prado lembrou que, além disso, o Brasil está complementando a necessidade de energia com a geração de energia térmica a gás. ;E a quantidade de gás no Brasil é limitada. Temos hoje um problema de cobertor curto;, definiu.

Para ele, o país não pode aumentar a quantidade de geração de energia térmica porque todas as usinas termelétricas foram acionadas, e não há como aumentar a geração de energia hidrelétrica porque isso reduziria o nível dos reservatórios. ;O resultado disso, na nossa avaliação, é que a gente está na antessala de um racionamento de um ou de ambos os insumos;, alertou.

O gerente do Sistema Firjan avaliou que um eventual racionamento de energia elétrica se espalharia por todo o Brasil, levando as indústrias a diminuírem a produção, ;o que seria uma coisa péssima para o país e para a nossa competitividade;.

De outro lado, se ocorrer uma limitação no fornecimento de gás, as indústrias vão ter que reduzir a produção dos insumos que demandam gás, ou mesmo diminuir a quantidade de geração térmica no seu processo produtivo. Por último, Prado disse que o desabastecimento de gás pode significar aumento de custos para a indústria nacional.

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