Economia

UE aprova reestruturação de quatro bancos espanhóis não nacionalizados

Agência France-Presse
postado em 20/12/2012 14:42
Bruxelas - A União Europeia (UE) aprovou nesta quinta-feira (20/12) os planos de reestruturação do Liberbank, Caja3, Banco Mare Nostrum (BMN) e Banco CEISS (Caja España-Duero), os quatro bancos espanhóis que não haviam sido nacionalizados, disse a entidade em um comunicado. A reestruturação "fará com que estes bancos voltem a ser viáveis, contribuindo para restaurar a saúde do setor financeiro espanhol", disse o vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Competitividade, Joaquín Almunia.

Em troca do resgate, as entidades deverão reduzir seu tamanho com relação a 2010. O BMN deverá cortar seu balanço em 40%, Ceiss em 30% e Liberbank em 25%. O Caja3 deixará de ser uma entidade independente e se integrará na Ibercaja, "o que garantirá seu retorno à viabilidade nos cinco anos do período de reestruturação", conforme anunciou em um comunicado.



"Bruxelas seguirá de perto o processo de reestruturação dos bancos", disse Almunia. Estas entidades deixarão de emprestar dinheiro a projetos imobiliários e limitarão sua presença na área de investimento. Segundo Luis de Guindos, ministro da Economia espanhol, estas quatro entidades que não foram nacionalizadas, conhecidas como o Grupo 2, exigirão uma injeção de capital de cerca de 1,5 bilhão de euros do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEDE).

A aprovação deste plano - que envolverá cortes, fechamento de sucursais e milhares de demissões - chega poucos dias após o MEDE ter aprovado a injeção de cerca de 40 bilhões de euros no setor financeiro espanhol. Desta soma, mais de 37 bilhões foram destinados aos bancos nacionalizados Bankia, Catalunyabank, Banco de Valencia e Novagalicia Banco e os 2,5 bilhões restantes ao "banco podre", que absorve os ativos imobiliários tóxicos das entidades bancárias espanholas.

Esta reestruturação era uma das condições impostas por Bruxelas para conceder uma ajuda ao setor bancário espanhol, muito afetado pelos ativos tóxicos desde a explosão da bolha imobiliária, em 2008, motor do crescimento econômico no país. Desde então, o setor financeiro espanhol tem apresentado uma alta taxa de inadimplência, o que tem gerado preocupação para as autoridades governamentais e europeias. Em outubro, a inadimplência bateu novo recorde, chegando ao máximo de 189,600 bilhões de euros, ou seja, 11,23% do total, contra 10,71% de setembro.

O procedimento acordado entre Bruxelas e Madri é que o MEDE entregue os fundos ao Fundo de Reestruturação Ordenada Bancária (FROB), estatal, o que engrossará a dívida pública espanhola, apesar de o ministro espanhol vir repetindo regularmente que isso acontecerá de maneira muito suave. Nos últimos dias, as preocupações sobre a Espanha voltaram e com elas a pressão para que o país peça um resgate global a seus sócios da zona do euro.

O presidente do governo, o conservador Mariano Rajoy, afirmou na semana passada que não descarta pedir um resgate global para a economia do país, que permita aliviar as tensões sobre sua dívida soberana, mas deu a entender que a questão não se resolverá neste ano.

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