Economia

'Plano B' republicano para evitar abismo fiscal americano fracassa

Agência France-Presse
postado em 21/12/2012 10:58
Washington - O plano republicano que deixava as isenções fiscais para os americanos mais ricos expirarem fracassou na noite de quinta-feira (20/12) por não contar com apoio partidário suficiente, o que deixou as negociações sobre o "abismo fiscal" ainda pendentes e provocou a queda das bolsas nesta sexta-feira (21/12). As bolsas asiáticas e europeias operam em baixa, devido a este impasse entre democratas e republicanos, que pode mergulhar a maior economia do mundo em uma nova recessão.

A bolsa de Londres caía 0,96% às 10h05 GMT (8h05 no horário de Brasília), a de Frankfurt 0,59%, enquanto Paris perdia 0,67%, Madri 0,37% e Milão 0,60%. Na Ásia, Tóquio encerrou em queda de 0,99%, Seul perdeu 0,95% e Hong Kong 0,68%.

Analistas europeus atribuem essas quedas ao bloqueio das negociações do orçamento americano no Congresso, que se não alcançar um acordo antes do fim do ano para evitar o abismo fiscal, que significaria a aplicação de cortes automáticos do gasto e altas de impostos, pode fazer o país entrar em um novo período de recessão.



O presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, tentava atrair apoio suficiente para o "Plano B" para pressionar o presidente Barack Obama, a fim de acabar com o impasse sobre como evitar os aumentos dos impostos e os cortes de gastos obrigatórios que devem acontecer em 1; de janeiro. Mas os democratas rejeitaram a iniciativa e os conservadores se opõem a qualquer aumento de impostos, mesmo que apenas para os mais ricos.

"A Câmara não votou hoje as medidas impositivas pelo fato de não haver apoio suficiente entre seus membros para aprová-la", afirmou Boehner em um comunicado na quinta-feira, depois de ter convocado uma reunião entre os representantes republicanos. "Agora, cabe ao presidente trabalhar com o senador (Harry) Reid sobre a legislação para evitar o abismo fiscal", acrescentou.

O presidente americano, Barack Obama, já havia anunciado que vetaria a lei, no improvável caso de que ela fosse posteriormente aprovada pelo Senado, dominado pelos democratas. "O Plano B... é um exercício inútil de vários dias num momento em que não há tempo para exercícios inúteis", o país não pode "se dar a este luxo", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, horas antes da votação na Câmara. "Não será aprovado no Senado. O presidente vetará", acrescentou.

No entanto, logo após o fracasso da iniciativa republicana, Carney adotou um tom mais conciliador, dizendo que ainda é possível encontrar uma "solução bipartidária". "A primeira prioridade é garantir que o presidente não aumente os impostos de 98% dos americanos e de 97% dos pequenos empresários em poucos dias", disse.

Obama "vai trabalhar com o Congresso para conseguir isso e esperamos chegar a uma solução bipartidária rapidamente, protegendo a classe média e nossa economia". Faltando 12 dias para que expire uma lei que data do governo de George W. Bush, que corta os impostos para os que possuem rendas mais altas, o "Plano B" de Boehner propunha uma alta de impostos para a faixa de contribuintes cujas receitas superam um milhão de dólares, mas a iniciativa não encontrou apoio nos setores mais conservadores do partido Republicano.

Os líderes republicanos ofereceram cortes de gastos em uma tentativa de "vender" o plano aos falcões do déficit, que vêem no gasto público a origem da dívida de 16 trilhões de dólares. Mas a Casa Branca argumenta que a proposta trará benefícios fiscais significativos para americanos ricos com renda de até um milhão de dólares, que não precisam disso.

Obama inicialmente insistiu em deixar expirar as reduções das taxas para as famílias cuja renda é superior a 250 mil dólares, mas, em seguida, levantou o limite para 400 mil em uma tentativa de chegar a um consenso. As negociações para chegar a um acordo foram adiadas para depois do Natal.

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