Economia

Mercados mundiais projetam melhora em 2013, mas mantêm cautela

Agência France-Presse
postado em 21/12/2012 15:59
Paris - Os mercados financeiros começaram a virar a página do ano de 2012 e aguardam com otimismo e cautela as novas nuances da crise da dívida para 2013, apostando na recuperação econômica da China e dos Estados Unidos, mas ao mesmo tempo atentos à falta de crescimento na zona do euro e ao risco da crise fiscal nos EUA.

Segundo especialistas de mercado, as declarações do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, disposto "a tudo para salvar o euro", evitaram turbulências ainda maiores para os mercados financeiros este ano. Em setembro, o BCE anunciou um programa ilimitado de compra da dívida para os países que pedirem a ajuda do fundo de resgate europeu.

"Tivemos um antes e um depois do (presidente do Banco Central Europeu, Mario) Draghi", disse Jean-Louis Mourier, economista da Aurel BGC. O programa, no entanto, não foi ativado, já que nenhum governo pediu ajuda, nem mesmo o espanhol, apesar da pressão dos mercados. A possibilidade de saída da Grécia da zona do euro também foi diluída após a liberação da ajuda por parte de seus credores.

O mercado viu também com bons olhos a implementação da supervisão bancária, e das reformas estruturais na Espanha e na Itália. Como resultado, as bolsas europeias reagiram e, no dia 20 de dezembro, Paris registrava ganho anual de 16%, Londres de 7% e Frankfurt de 30%. Wall Street evoluiu claramente, com alta anual de 8,5% para o Dow Jones, assim como as bolsas dos países emergentes com um índice MSCI Emerging Markets, barômetro do rendimento acionário, com ganhos de mais de 12%.



Apesar da melhora, o mercado aponta cautela para 2013, pois ainda há riscos iminentes. As taxas de risco de Espanha e Itália continuam altas. Apesar dos avanços, não houve nenhum compromisso até o momento entre os democratas e os republicanos sobre o orçamento. O risco de um "orçamento fiscal", um forte aumento dos impostos e uma redução do gasto público do país, continua.

"As empresas norte-americanas estão contendo seus investimentos há três trimestres. É preciso fazer andar a máquina", diz Mirela Agache-Durand, da Oddo Securities. Para o economista-chefe do banco Neuflize OBC, Olivier Raingeard, ainda há várias incógnitas no ar.

"Haverá ou não um pedido de resgate da Espanha? Uma nova reestruturação da dívida grega ou reformas na França? Como as eleições na Alemanha e na Itália influenciarão os mercados", pergunta. Contudo, o freio mais importante para que dure uma boa situação continua sendo o crescimento, que está em ponto morto na zona do euro.

"Os dirigentes deverão entrar em um acordo para deixar de lado os limites fiscais que pesam nos Estados para dar assim um pouco de ar a suas economias", diz Raingeard.

Do outro lado do Atlântico, a economia deve se "beneficiar de uma reativação do setor imobiliário" e da "forte diminuição dos preços da energia", diz Agache-Durand. Na China, "as perspectivas são animadoras. Os gastos de construção e os investimentos têm acelerado", observam analistas da Pictet.

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