Economia

Mesmo sem carteira assinada, jovens largam a qualificação para trabalhar

postado em 24/12/2012 06:02
A vendedora Suellen (esquerda) e a operadora de caixa Antônia: o primeiro emprego foi sem registro

Antônia Mística de Araújo, de 19 anos, e Suellen Cristina dos Santos, 22, são colegas de trabalho numa loja de calçados em um shopping em Brasília e, hoje, têm a carteira assinada. Mas nem sempre foi assim. A primeira tem o ensino médio completo e é caixa do estabelecimento. A segunda deixou os estudos quando faltava apenas um ano para completar o nível médio e é vendedora. Ambas vieram de famílias de renda mais baixa e tiveram que começar a trabalhar cedo para se sustentarem e ajudarem nas despesas da casa.

Filha mais velha de cinco irmãos, Suellen foi criada pelos tios desde os 10 anos. Começou a trabalhar aos 17 como empregada doméstica, sem carteira assinada, quando o tio, motorista de ônibus, ficou desempregado. Foi quando desistiu da sala de aula. Dois anos depois, mudou de área e virou vendedora. Com o atual ritmo de vida, em que sai de casa, em Ceilândia, às 8h30 da manhã para o trabalho e só retorna às 20h30, Suellen diz estar conformada com seu destino. Pensa em se casar com o namorado, despachante rodoviário, com quem está há dois anos. ;Chego em casa cansada. Não tenho tempo para pensar em nada;, diz ela, sempre que questionada sobre a possibilidade de retomar os estudos e mudar o rumo da vida.

Do contingente de 30,08 milhões de brasileiros que estão nessa faixa etária, os que só trabalham aumentaram de 32% para 34,6% entre 2001 e 2011. A maior parte deles tem entre 18 e 24 anos, 62,2% do total. Já os que trabalham e estudam ao mesmo tempo diminuíram consideravelmente: de 18,7% para 15,5% no período, conforme dados levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) a pedido do Correio, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011. Estão nesse grupo, principalmente, os mais novos, de 15 a 18 anos ; 60% deles. O consolo é que uma parcela dessa moçada não precisou mais dar duro e passou apenas a estudar: a participação dos que têm de 15 a 24 anos que só frequentam a sala de aula saltou de 29,9% para 30,9%.

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