Economia

Em luta contra o tempo, presidente Obama retoma negociações fiscais

Agência France-Presse
postado em 27/12/2012 16:42
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, voltou nesta quinta-feira (27/12) à Washington para retomar as complicadas negociações para alcançar de última hora um acordo com os republicanos e evitar o temido "abismo fiscal", que implicaria a partir de 1; de janeiro em uma alta generalizada de impostos e cortes automáticos do gasto público.

Apesar de as negociações estarem em ponto morto com o presidente da Câmara de Representantes, o republicano John Boehner, este último pediu aos legisladores para que ficassem prontos para voltar em 48 horas. O líder dos democratas no Senado, Harry Reid, não se mostrou disposto a concessões nesta quinta-feira.

Reid disse que Boehner é o grande responsável pela estagnação das conversações e se declarou pessimista sobre um acordo a tempo: "Vamos para o precipício (...) e a Câmara não está aqui". Caso não haja acordo, serão produzidos cortes automáticos do gasto público e aumentos de impostos, em função da legislação vigente.



Obama, que foi reeleito em novembro e que durante sua campanha defendeu o aumento de impostos para os mais ricos, já rejeitou as propostas republicanas.

Segundo o presidente, as propostas republicanas são desequilibradas porque não trazem esforços suficientes aos contribuintes mais ricos e reduzem o déficit público através do corte de gastos, em grande parte através de programas sociais.

No centro do debate se encontra a busca pelo reequilíbrio das contas públicas, após quatro exercícios com um déficit que superou um bilhão de dólares, 10% do orçamento total.

Obama quer que este equilíbrio seja alcançado aumentando os impostos às pessoas com rendas superiores a 400.000 dólares, prolongando ao mesmo tempo as isenções fiscais herdadas da presidência de George W. Bush a 98% dos contribuintes.

Sem acordo, os impostos dos norte-americanos subirão a partir de primeiro de janeiro a uma média de 2,2 mil dólares por contribuinte, segundo a Casa Branca. Isso em um contexto de desemprego e de fraca demanda e consumo.

Ao mesmo tempo, entrariam em vigor cortes significativos, em particular no orçamento da Defesa, por um acordo entre democratas e republicanos que data de 2011. Esta combinação poderia levar a maior economia mundial novamente à recessão, disseram alguns economistas.

A indefinição dos líderes políticos fez desabar a confiança dos consumidores pelo segundo mês consecutivo, segundo o índice publicado na quinta-feira pelo instituto Conference Board.

A esta situação se somam problemas relativos ao teto da dívida. Os Estados Unidos já esteve à beira do default em 2011 pela insistência dos republicanos em compensar o aumento do limite de endividamento autorizado com cortes de gastos.

O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, advertiu que o teto legal da dívida seria alcançado na segunda-feira e que "medidas excepcionais" serão adotadas no sábado para evitar uma moratória.

Com isso, cresce o nervosismo nos mercados, enquanto que as partes insistem que os canais de comunicação estão abertos. Na quarta-feira, o presidente Obama falou por telefone com os líderes do Congresso, entre eles Boehner, antes de deixar o Havaí, disse nesta quinta-feira seu colaborador Dan Pfeiffer em sua conta no Twitter.

A falta de resoluções tem deixado os investidores ansiosos e a Bolsa de Valores de Nova York encerrou a quinta-feira em leve queda. O Dow Jones Industrial Average recuou 0,15%, para os 13.094,85 pontos. Já o termômetro da tecnologia, Nasdaq, caiu 0,14%, para os 2.985,90 pontos. O Standard & Poor;s 500, por sua vez, perdeu 0,13%, para 1.418,03 pontos.

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