Economia

Fim de ano em plena contagem regressiva para o abismo fiscal nos EUA

Agência France-Presse
postado em 31/12/2012 14:21
WASHINGTON - A contagem regressiva para o chamado "abismo fiscal" dos Estados Unidos teve início nesta segunda-feira (31/12) em Washington, onde não foram obtidos avanços significativos durante o fim de semana para evitar a entrada em vigor esta meia noite de um duro plano de austeridade forçado.

Salvo que se alcance um acordo no Congresso, cada vez menos provável em tão pouco tempo, será ativado automaticamente à meia-noite americana (03H00 de terça-feira, horário de Brasília) um aumento dos impostos para quase a totalidade dos contribuintes e fortes cortes no gasto do Estado federal.

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O domingo terminou em Washington sem um acordo para evitar o "abismo fiscal", e democratas e republicanos trocam acusações pelo fracasso das negociações para cortar o déficit. "Ainda há uma brecha importante entre as duas partes. As negociações continuam. Ainda temos tempo para obter um acordo e temos a intenção de seguir negociando", declarou o líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid.

"Retomaremos às 11H00 (14H00 de Brasília). Teremos, espero, novos anúncios", completou Reid, que coordena as negociações com o representante da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell. Os dois partidos tentam chegar a um acordo que seja aceito pela Câmara de Representantes, dominada pela oposição, e pelo Senado, que tem maioria democrata.

McConnell disse ter tentado entrar em contato com o vice-presidente Joe Biden para tentar superar a crise entre as duas partes, horas antes do fim do prazo para a entrada em vigor de fortes medidas de austeridade fiscal. Após semanas de negociações sem resultados concretos, o chamado "abismo fiscal" está a um passo de acontecer nos Estados Unidos.

Os especialistas concordam que o aumento de 500 bilhões em impostos a partir de 1; de janeiro irá asfixiar a recuperação da economia dos EUA e fazer com que o país entre novamente em recessão, contaminando assim a já fragilizada economia global.

Conselheiros dos líderes de ambos os partidos no Senado, controlado pelos democratas, trabalharam febrilmente a portas fechadas no sábado para criar um plano que fosse aceitável tanto para os democratas quanto para os republicanos, que são maioria na Câmara de Representantes.

Ambas as câmaras têm cada vez menos tempo para discutir e aprovar uma lei que tem sido debatida na Casa Branca e no Congresso há semanas. Caso seja aprovado pelos partidos, o Senado realizará uma votação, dando à Câmara tempo para considerar a medida.

Em meio a tensas negociações, o presidente Barack Obama pressionou os legisladores para que chegassem a um acordo, mesmo que seja um compromisso que carece das medidas de redução de déficit que ambas as partes procuram. O país "não pode pagar por uma ferida econômica causada pela política", disse Obama.

Se os legisladores falharem, o salário de todos os americanos ficará muito menor, disse ele, acrescentando que "o Congresso pode impedir que isso aconteça se agir agora". O presidente, reeleito para um mandato de quatro anos no mês passado, quer aumentar os impostos sobre os ricos. Contudo, os republicanos querem eliminar isenções fiscais para aumentar a receita, e pedem, e em troca, grandes reduções nos gastos públicos, especialmente os programas de ajuda federal, como a Segurança Social.

Contudo, se nada for feito no prazo, todos os contribuintes terão um aumento em suas taxas. Qualquer medida decidida pelo Senado também deve ser aprovada pela Câmara dos Deputados, onde não é certo que o projeto de Obama terá o apoio de conservadores pelo lado republicano.

Outra possibilidade, dizem analistas, é deixar acontecer o chamado "abismo fiscal" e, em seguida, corrigir o problema nos primeiros dias de 2013. Nesse cenário os republicanos, que se opõem a aumento de impostos, poderiam votar uma redução das taxas que seriam elevadas para a maioria dos norte-americanos a partir de 1; de janeiro, sem passar formalmente pelo aumento de impostos.

Citando fontes anônimas próximas às negociações, o Washington Post disse que o acordo protegeria cerca de 30 milhões de contribuintes e manteria os auxílios-desemprego para dois milhões de pessoas, entre outras medidas.

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