Economia

BCE mantém taxa de juros em 0,75% diante de sinais de estabilização

Agência France-Presse
postado em 10/01/2013 17:10
Frankfurt - O Banco Central Europeu (BCE) manteve nesta quinta-feira (10/1) em 0,75%, um mínimo histórico, sua principal taxa de juros, diante dos sinais de "estabilização geral" na zona do euro, abalada pela recessão e um desemprego recorde.

A decisão do instituto com sede em Frankfurt seguiu exatamente o que os observadores esperavam.

O presidente do BCE, Mario Draghi, explicou em uma coletiva de imprensa que os diretores tomaram a decisão de forma unânime.

"Não tinha motivo para modificar a decisão tomada no mês passado", disse Draghi, insistindo que nenhum dos 23 diretores pediu para cortar a taxa de referência na zona do euro, como foi o caso da reunião mensal de dezembro.

A unanimidade se deve à "melhora significativa das condições nos mercados financeiros", e a uma "estabilização geral de certos indicadores de conjuntura", explicou Draghi em Frankfurt.

Nas últimas semanas, o BCE lembrou que sua última redução das taxas, em julho, não teve muito efeito no crédito e no crescimento. Pelo contrário, os empréstimos dos bancos ao setor privado retrocederam em novembro, pelo sétimo mês consecutivo.

Segundo Carsten Brzeski, analista no banco ING, o banco também quer ter uma margem de manobra no caso de a conjuntura piorar bruscamente.

A inflação continuou desacelerando em 2012, ficando em 2,2% em dezembro na comparação anual. Em 2013 é muito provável que caia abaixo do limite de 2%, que é o objetivo a médio prazo do BCE.

Antes da reunião mensal do BCE, a primeira do ano, alguns economistas consideraram que a instituição devia relaxar ainda mais sua política monetária, apesar da recessão atual na zona do euro e o nível recorde de desemprego (11,8% em novembro).

Draghi explicou nesta quinta-feira que o BCE espera que a economia da zona do euro "continue se enfraquecendo" no começo de 2013, antes de uma "recuperação gradual" nos meses seguintes.

O clube dos 17 países de moeda única entrou em recessão no período julho-setembro de 2012, somando dois trimestres consecutivos de redução do PIB.

Em dezembro, o BCE anunciou que espera para 2013 uma contração do PIB da zona do euro em 0,3%. Ainda em setembro esperava um crescimento de 0,5%.

O presidente do Banco Central Europeu também pediu aos governos para manterem suas políticas de saneamento fiscal e realizar reformas para melhorar a competitividade.

As últimas boas notícias vieram do mercado de dívida pública, onde os juros dos títulos de países mais castigados pelos mercados nos últimos meses, Espanha e Itália, continuaram caindo.

A tendência se confirmava nesta quinta-feira, quando ambos os países emitiram dívida a curto e médio prazo oferecendo taxas de juros em forte baixa, prova de uma maior confiança dos mercados.



A bem sucedida emissão do tesouro espanhol era sentida no mercado secundário, onde os juros sobre os bônus da Espanha a dez anos, de referência, ficaram abaixo de 5%. Em julho tinham subido a mais de 7,5%, um nível considerado insustentável.

O movimento de baixa começou quando o presidente do BCE, Mario Draghi, anunciou, no fim de julho, que faria "todo o possível" para salvar o euro. O movimento se acentuou quando, em setembro, apresentou seu programa de compra de obrigações soberanas dos países em apuros, conhecido como Transações Monetárias Diretas (Outright Monetary Transactions, OMT).

Também nesta quinta-feira, o Banco da Inglaterra tomou uma decisão similar à do BCE ao manter sua taxa diretriz em 0,5%, seu mínimo histórico.

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