Agência France-Presse
postado em 15/01/2013 18:20
Abu Dhabi - O presidente da França, François Hollande, pediu nesta terça-feira (15/1) que se "passe à ação", com mais investimentos em energias renováveis, para preparar a era do pós-petróleo no primeiro dia de uma conferência mundial sobre energias do futuro em Abu Dhabi, que contou com a presença de vários líderes mundiais."Nós compartilhamos as mesmas preocupações, mas devemos compartilhar também as mesmas ambições. O momento não é mais de dispersão ou de reflexões condescendentes, mas de ação", declarou Hollande.
"Nós devemos nos unir, juntar nossas forças, nossos recursos", acrescentou em discurso oficial, ressaltando a "vantagem de investimentos nas energias renováveis" para "preparar (a era do) pós-petróleo".
"A França quer fazer da transição energética uma causa nacional, europeia e mundial, e sabemos que aqui há parceiros que estarão presentes na conferência do clima de 2015", afirmou, lembrando que seu país é candidato a sediar esta conferência da ONU.
"Devemos fixar metas realistas, mas voluntárias, e devemos assegurar também acesso legal a todas as energias, a todas as matérias primas", prosseguiu Hollande, fazendo um apelo à "solidariedade".
Os organizadores da conferência de três dias, que participam simultaneamente de uma conferência sobre a água, informaram que, em média, US$ 257 bilhões foram gastos em projetos de energias renováveis no mundo em 2011.
Mas um relatório divulgado esta terça pela empresa de pesquisas Bloomberg New Energy Finance revisou o número para cima, a US$ 302,3 bilhões, acrescentando que os investimentos em 2012 caíram 11%, a US$ 268,7 bilhões.
Hollande estimou que seriam necessários US$ 300 bilhões em investimentos ao ano nestas fontes de energia, mas a demanda ocorre em uma época marcada pela crise econômica.
Segundo ele, o fracasso em investir em energias renováveis aumentará a demanda por fontes fósseis e "tornará seus preços inacessíveis", além de aumentar os riscos do aquecimento global.
Nesse sentido, convidou todos os países a contribuir e propôs a criação de fundos conjuntos entre países produtores e consumidores de petróleo para este fim.
A presidente argentina, Cristina Kirchner, reforçando uma posição adotada pelas nações pobres e emergentes, afirmou que as principais contribuições precisam vir dos países mais ricos, cujo consumo de energia e, consequentemente, suas emissões, são muito maiores do que os de países pobres.
"A responsabilidade recai sobre todos, mas não em porções iguais. As contribuições de países desenvolvidos precisam ser muito maiores", disse ela, acrescentando que a América Latina e o Caribe são responsáveis por apenas 5% das emissões de gases-estufa.
Ao abrir a conferência, o príncipe-herdeiro de Abu Dhabi, xeque Mohammed bin Zayed al-Nahayan, afirmou que seu país está fornecendo a plataforma para superar os desafios que dificultam a disseminação das energias renováveis.
A rainha Rania, da Jordânia, pediu a busca de "soluções sustentáveis" para as demandas de energia. Sem isto, "o progresso será lento e desigual. Não só nesta região, mas em toda parte".
"Hoje, 1,4 bilhão de pessoas, uma em cada cinco no mundo, ainda não têm acesso à eletricidade. Para mais um bilhão, o acesso é incerto", lembrou ela.
Na segunda-feira, a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), com sede em Abu Dhabi, lançou um novo plano global para consolidar esforços com o objetivo de dobrar a disponibilidade de energia limpa até 2030, mas alertou que o processo precisa ser acelerado substancialmente para alcançar a meta.
"Esforços internacionais para dobrar a parcela de energia renovável até 2030 são alcançáveis, mas precisam acelerar substancialmente se quiserem ser bem sucedidos", destacou a IRENA.
A meta visa a elevar a parcela de fontes de energia limpa e renovável, como solar, eólica e biomassa, dos atuais 16% para cerca de 30% da matriz energética global.
"Com base em estimativas, até 2030, a porção de energia renovável aumentará para apenas 21%, portanto teremos uma lacuna de 9%", afirmou o diretor-geral da Irena, Adnan Amin, na sessão de encerramento do encontro.