Economia

Economia espanhola afunda com a austeridade registrada no último ano

Agência France-Presse
postado em 30/01/2013 13:50
Madri - A economia espanhola terminou 2012 em queda, como resultado das medidas de austeridade draconianas adotadas para restabelecer as finanças do país, e a tendência de agravamento deixa poucas esperanças para uma recuperação ainda este ano.

Se o governo conservador de Mariano Rajoy insiste em prever uma recuperação em 2013, assegurando que a quarta maior economia da zona do euro atingiu o fundo do poço no quarto trimestre de 2012, esta tese está longe de ser unânime entre os analistas. "Nós não podemos assegurar uma recuperação. O primeiro semestre de 2013 ainda pode ser muito difícil para a economia espanhola", considerou Jesus Castillo, da Natixis.

"Não há suporte em curto prazo para o consumo", indica o economista, enquanto existem quase 6 milhões de desempregados no país, o que representa 26% da força de trabalho, com muitas famílias que não veem perspectiva de sua situação econômica melhorar. Por outro lado, as empresas ainda lutam para financiar os seus investimentos, em um contexto de juros altos e restrições ao crédito, enquanto a desaceleração na zona do euro ameaça um dos poucos motores econômicos da Espanha, as suas exportações.

Em 2012, o produto interno bruto (PIB) da Espanha caiu 1,37%, de acordo com dados oficiais provisórios divulgados nesta quarta-feira. Um número consistente com a previsão do FMI, que esperava uma queda de 1,4%, um pouco menor do que o previsto pelo governo espanhol, que estimava uma queda de 1,5%. "Isso é um pouco melhor do que o esperado. Deve ser enfatizado entre todas as más notícias", pontualiza Gayle Allard, economista da IE Business School de Madri.

[SAIBAMAIS]No quarto trimestre, a queda no PIB se acentuou, com uma diminuição de 0,7% em relação ao trimestre anterior, contra uma queda de 0,3% no terceiro trimestre. O Banco da Espanha previu um declínio de 0,6%. Este é o quinto trimestre consecutivo em que a Espanha perde suas riquezas. O país voltou a entrar em recessão no final de 2011, após ter visto uma queda de 3,7% do seu PIB em 2009, após o estouro da bolha imobiliária.



Este resultado é devido principalmente à contração da demanda interna, que só é parcialmente compensada pelo contributo positivo da demanda externa. O consumo das famílias, já moribundo, foi atingido fortemente no quarto trimestre pelo aumento geral da taxa do IVA, que entrou em vigor em 1; de setembro, bem como a eliminação do bônus de fim de ano para os funcionários públicos.

As vendas no varejo, cujos números foram divulgados na terça-feira, caíram 10,2% em dezembro, o pior mês de dezembro dos últimos 20 anos, de acordo com a Confederação Espanhola do Comércio. A Espanha, sob pressão da União Europeia e dos mercados, lançou um programa de austeridade para reduzir seu grande déficit público, que chegou a 9,4% em 2011, com o objetivo de reduzi-lo abaixo de 3% até 2014. A meta de 6,3% em 2012, negociada com Bruxelas, no entanto, provavelmente deverá ser ultrapassada.

Quanto ao comércio exterior, o saldo é positivo graças ao colapso das importações, em conexão com a fraca demanda doméstica, considera Raj Badiani, analista da IHS Global Insight. "Acreditamos que as exportações tiveram um contributo menos positivo, devido à desaceleração da demanda na zona do euro", acrescenta o analista.

Neste contexto, a previsão oficial de um declínio de 0,5% do PIB em 2013, com a retomada do crescimento no segundo semestre, parece já ultrapassada. O Fundo Monetário Internacional acredita que a economia espanhola deverá encolher 1,5% este ano, mais do que em 2012, antes de crescer 0,8% em 2014. Alguns analistas são ainda mais pessimistas, acreditando que 2014 não será o ano da saída da recessão para a Espanha.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação