Agência France-Presse
postado em 07/02/2013 18:59
Dublin - A Irlanda alcançou um acordo com o Banco Central Europeu para re-estruturar as enormes dívidas do antigo Anglo Irish Bank, disse o primeiro-ministro Enda Kenny nesta quinta-feira (7/2)."O resultado de hoje é um passo em direção à recuperação econômica", disse Kenny ao parlamento irlandês. Kenny afirmou que o acordo garantirá que os reembolsos sejam reduzidos e distribuídos por um período mais longo, reduzindo a pressão sobre a Irlanda, que luta para se recuperar, apesar do resgate da UE e do FMI em 2010.
A Irlanda estava determinada a diminuir a carga de 31 bilhões de euro de notas promissórias emitidas para socorrer o Anglo Irish durante a crise financeira.
Kenny disse ao parlamento que, com juros, o custo do acordo teria sido de quase 48 bilhões de euros, "um legado muito oneroso e injusto da crise bancária".
"Fico feliz em anunciar que hoje a Irlanda concluiu suas discussões com o Banco Central Europeu", chegando a "um acordo mais justo e sustentável". "Pelo acordo, as notas promissórias serão trocadas por títulos da dívida irlandesa de longo prazo com vencimentos de até 40 anos".
Os deputados irlandeses aprovaram na madrugada de quinta-feira a liquidação do Anglo Irish Bank, nacionalizado em 2009 em consequência da crise, que agora é conhecido como Irish Bank Resolution Company.
Kenny declarou que o acordo sobre o Anglo Irish e o antigo Irish Nationwide Building Society "encerra um trágico capítulo na história de nosso país" e removeu "manchas em nossa reputação internacional e em nosso orgulho nacional".
Os ativos do banco serão transferidos ao "banco podre" irlandês, o National Asset Management Agency (NAMA). A Irlanda que já foi famosa pelo crescimento de dois dígitos durante uma década a partir de meados dos anos 90, ficou à beira do colapso ao ser atingida pelo estouro da bolha imobiliária, crescente endividamento e alto desemprego.
Em 2010, o Anglo Irish registrou uma perda de 17,65 bilhões de euros, a maior perda corporativa na história irlandesa. Dublin foi forçada a aceitar um resgate de 85 bilhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional em novembro de 2010.
A Irlanda espera se tornar o primeiro país resgatado a sair do programa de ajuda ao voltar para o mercado soberano no fim de 2013. O governo e o FMI afirmaram que um acordo sobre as notas promissórias aumentaria a atratividade de títulos irlandeses e provocando uma queda e tornando mais provável uma transição suave do programa de resgate.