Agência France-Presse
postado em 10/02/2013 17:48
Washington - O presidente Barack Obama pedirá na terça-feira ao Congresso durante seu discurso do estado da União que estimule a criação de empregos e fortaleça a classe média, em um momento em que os Estados Unidos ainda não encontraram o caminho de um crescimento sólido.Três semanas depois de ter prestado juramento para o segundo mandato, o presidente democrata voltará a pronunciar, como durante sua posse, um discurso de teor progressista. Contudo, o Congresso e seu bastião republicano, a Câmara de Deputados, serão mais difíceis de convencer que os partidários que aclamaram Obama no dia 21 de janeiro.
[SAIBAMAIS]O presidente já começou a defender as reformas que pretende que sejam aprovadas nos próximos meses: a questão do porte de armas de fogo (um tema difícil que lhe foi imposto após o massacre em Connecticut no dia 14 de dezembro) e a transformação das leis de imigração.
Este último tema, largamente bloqueado no Congresso, pode ser melhor abordado depois que alguns republicanos parecem se conscientizaram dos prejuízos que a posição intransigente do partido provocou nas urnas em novembro, em meio a uma comunidade hispânica em plena expansão.
Outros problemas que não foram resolvidos durante seu primeiro mandato, como a mudança climática e a energia, assim como a reforma da educação, também serão mencionados por Obama na terça-feira a partir das 21H00 (00H00 de Brasília de quarta-feira) na Câmara de Deputados, mas a ajuda à classe média, tema central de sua vitoriosa campanha para a reeleição, será o fio condutor de sua exposição.
Desde o começo da crise há cinco anos, os Estados Unidos experimentaram um crescimento fraco e no último trimestre de 2012 a economia se contraiu 0,1%. A taxa oficial de desemprego foi de 7,9%, contra 5% no começo de 2008.
Prazos orçamentários próximos
Esta situação demanda medidas de estímulo, segundo Obama, que já apresentou sem êxito um plano ao Congresso em 2011. Os republicanos, que defendem um controle forçado do déficit se for necessário, se mantêm hostis a qualquer aumento do gasto público e dos impostos.
Esta batalha, que se desenrola há dois anos, quando os republicanos recuperaram a maioria na câmara baixa, se intensificou agora pelo vencimento dos prazos orçamentários: cortes muito importantes entrarão automaticamente em vigor no dia 1; de março, a menos que ambos os partidos cheguem a um acordo. Por outro lado, alguns acordos recentes só conseguiram adiar por algumas semanas o grave tema do teto legal da dívida.
"Falaremos dos déficits, dos impostos, dos cortes automáticos, da potencial suspensãoda atividade administrativa e do teto da dívida", explicou Obama a legisladores de seu partido na semana passada. "Contudo, faremos isso pensando no que é necessário para que aqueles que trabalham duro saiam na frente".
Os discursos sobre o estado da União, habitualmente destinado a tratar de assuntos de política doméstica, muito raramente abordam temas de política externa. Contudo, Obama mencionará o Afeganistão, onde 66.000 soldados norte-americanos voltarão para casa entre este ano e o final de 2014, segundo um cronograma ainda a ser confirmado.
Para William Galston, um ex-assessor do presidente Bill Clinton, o segundo discurso de posse de Obama "entrará para a história como o último de sua campanha de reeleição".
"Penso que o discurso sobre o estado da União será considerado o marco de seu segundo mandato", afirmou à AFP Galston, atualmente no instituto Brookings.
Os republicanos nomearam o jovem senador Marco Rubio, estrela na ascensão do partido e possível pré-candidato presidencial em 2016, para pronunciar a resposta de sua formação ao discurso de Obama.