Agência France-Presse
postado em 12/02/2013 16:39
Os países europeus alertaram nesta terça-feira sobre o impacto de uma excessiva "volatilidade" do euro e esperam que o G-20, que engloba as economias mais industrializadas do planeta, reafirme seu compromisso com o sistema financeiro para evitar "uma guerra de divisas" em escala planetária."A excessiva volatilidade e movimentos desordenados nas taxas de câmbio têm um impacto negativo na estabilidade econômica e financeira e, por isso, é que temos que por em prática políticas coordenadas para evitar uma onda de desvalorizações", disse Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia, em coletiva de imprensa no final de uma reunião de ministros das Finanças da União Europeia (UE).
Esperamos que o compromisso do G20 com a estabilidade do sistema financeiro internacional seja reafirmado na reunião de sexta-feira e sábado em Moscou, "como fez o G7 nesta terça-feira, em um comunicado", acrescentou Rehn, que também é responsável por assuntos monetários da CE.
O grupo de países mais industrializados do mundo (Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, França, Japão, Itália, Canadá) se comprometeu a vigiar de perto as ações sobre política monetária e insistiu que são os mercados que devem definir o valor da moeda, apaziguando os temores de uma guerra monetária global.
"Reafirmamos nosso compromisso para que o mercado determine as taxas de juros e para realizar um estreito acompanhamento sobre os movimentos nos mercados internacionais de divisas", disse o G7 em um comunicado divulgado dias antes do encontro em Moscou das maiores potências industrializadas.
Nos últimos meses, as políticas de alguns países, como Estados Unidos e Japão, provocaram a desvalorização do dólar e do iene, mas também uma valorização da moeda única europeia.
Os países do G20 pretendem analisar as táticas de alguns países - em alguns casos mediante estímulos artificiais - para desvalorizar suas divisas com o objetivo de aumentar suas exportações e se tornar mais competitivos.
Contudo, é o Japão que está no olho do furacão, depois de iniciar uma política monetária agressiva com o objetivo de levar a inflação a 2%.
Os Estados Unidos também pediram ao G20 para evitar a chamada "desvalorização competitiva" de suas moedas e não minar uma economia mundial ainda frágil.
"A assimetria nas políticas de taxas de câmbio cria fontes de conflito", alertou Lael Brainard, secretária adjunta do Tesouro para Assuntos Internacionais, que reiterou o pedido norte-americano à China para que deixe o yuan flutuar mais livremente.
A ameaça de uma volatilidade das moedas preocupa cada vez mais a Europa. Contudo, o ministro francês de Finanças, Pierre Moscovici, não conseguiu convencer seus homólogos europeus, reunidos na segunda e nesta terça-feira em Bruxelas, a definir uma postura comum para acabar com a especulação no mercado de divisas e frear a tendência de alta da moeda europeia.
Há dias a França alerta que uma supervalorização do euro eleva o preço das exportações e as torna menos competitivas.
Contudo, seus sócios europeus destacaram que o debate não é tanto sobre a supervalorização do euro, mas sim sobre como evitar uma "volatilidade ou evoluções excessivamente abruptas" da moeda. Alguns países sugeriram que, na realidade, o que a França busca é esconder os problemas de competitividade que tem em casa.
Os especialistas alertam que a política do Banco Central Europeu (BCE) está dando sinais de menor flexibilidade, o que também impulsiona a alta da moeda europeia.
"Não é tanto uma questão de supervalorização ou de subvalorização (...), o que nos preocupa são os movimentos voláteis. Vimos que desde o mês de agosto a taxa de câmbio efetivo nominal se valorizou quase 4%, em um movimento (do euro) importante", destacou o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos.
Isso também reflete "a maior confiança que o euro gerou nos últimos meses já que as dúvidas sobre o seu futuro se dispersaram", acrescentou.
Nos "fóruns multilaterais como o G20 é preciso tentar que os movimentos de taxas de câmbios nominais não sejam bruscos,", nem para a alta nem para a queda, explicou.
"Todo o mundo está interessado em evitar uma guerra de divisas, ou melhor dizendo, um enfrentamento da evolução das taxas de câmbio", concluiu.