Economia

Estados Unidos à beira dos cortes automáticos de orçamento

Barack Obama, alertou que os cortes orçamentários "severos" e "burros" que entram em vigor nesta sexta-feira (1º/3) nos Estados Unidos custarão empregos e prejudicarão a economia do país

Agência France-Presse
postado em 01/03/2013 17:37

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, alertou que os cortes orçamentários "severos" e "burros" que entram em vigor nesta sexta-feira (1;/3) nos Estados Unidos custarão empregos e prejudicarão a economia do país.

"Eu não sou um ditador. Sou um presidente", disse Obama na sala de imprensa da Casa Branca minutos depois de seu primeiro encontro com os líderes do Congresso desde o começo desta última crise. "O que não posso fazer é forçar o Congresso a tomar boas decisões", expressou o presidente. "Diante da ausência de determinação por parte do presidente da Câmara dos Deputados, (o republicano) John Boehner, e de outros líderes na hora de colocar os interesses das famílias de classe média acima da política, esses cortes vão entrar em vigor", acrescentou.

A presidência democrata alerta há vários dias sobre as consequências concretas de um corte de gastos de 85 bilhões de dólares nos sete últimos meses do ano fiscal, ou seja, 8% para defesa e 5% para outros setores, falando de desemprego parcial de funcionários e impactos aos serviços públicos.



Obama considerou que esses cortes "desnecessários" vão fragilizar a economia, prejudicar o emprego e são uma prova de que ambas as partes devem obter um acordo."Não vai ser o apocalipse como alguns dizem (...) mas vai ter um impacto nas pessoas", expressou.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou em 0,5 ponto percentual o efeito negativo desta medida sobre o crescimento da economia, que ainda se recupera.

Fim de discussões sobre as receitas

Boehner insistiu nesta sexta-feira (1;/3) na oposição de seu partido a uma alta dos impostos aos mais ricos como pretendem os democratas. "A discussão sobre as receitas, para mim, terminou", disse na saída da Casa Branca. "Devemos nos concentrar no problema dos gastos", acrescentou.

Desde 2011, quando os conservadores tomaram o controle de uma parte do poder legislativo, Obama e seus adversários se enfrentam pela forma de buscar o equilíbrio das contas públicas tendo como pano de fundo uma alta vertiginosa do endividamento da primeira economia mundial, atualmente de mais de 1,6 trilhão de dólares.

Na falta de um acordo, as duas partes encontraram soluções temporárias. A ideia, emitida em meados de 2011 pela Casa Branca e aceita pelos republicanos, foi a de colocar em andamento cortes automáticos nos gastos e que foram considerados muito dolorosos para incentivar a negociação de uma solução.

Obama aceitou o princípio dos cortes nos gastos, mas exige que os mais ricos paguem maiores impostos, um requisito difícil de aceitar para os republicanos, que já concordaram, em janeiro, em aumentar a carga fiscal dos norte-americanos com maiores receitas.

O dispositivo que prevê esta medida de austeridade estipula que será Obama que deverá comunicar formalmente a sua administração antes das 23H59 da noite desta sexta-feira (01H59 de Brasília, de sábado) o começo da redução de gastos. O governo começará a enviar cartas a milhares de funcionários para preveni-los de possíveis licenças não-remunerados.

Esta crise deve se somar muito em breve a outra, ainda mais ameaçadora: o financiamento do Estado federal para os últimos meses do exercício 2013, que deverá ser objeto de um voto no Congresso antes de 27 de março e sem o qual os serviços públicos deverão fechar pura e simplesmente

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