Agência France-Presse
postado em 04/03/2013 16:04
Madri - O número de desempregados na Espanha superou os cinco milhões de pessoas em fevereiro, um recorde que pode ser batido novamente nos próximos meses, devido às medidas de austeridade e à recessão que o país enfrenta.Segundo as cifras publicadas na segunda-feira (4/3) pelo ministério espanhol de Emprego, a quarta economia da zona do euro registrou em fevereiro um aumento de 59.444 desempregados, 1,19% mais que em janeiro, alcançando a cifra histórica dos 5,04 milhões de pessoas. Na comparação anual, o aumento foi de 6,96%.
Contudo, segundo o Instituto Nacional de Estatísticas (INE), que utiliza um método de cálculo distinto do Ministério, o número de pessoas que buscam emprego é de quase 6 milhões. Para esse organismo, que publica esses dados trimestralmente, o país contava com 5,97 milhões de desempregados no final de dezembro, 26,02% da população ativa, a taxa mais alta da Europa depois da Grécia.
Este número é superior aos do ministério, baseado no número de pessoas que solicitam auxílio desemprego, porque, para muitos desempregados, as ajudas governamentais acabaram. A taxa de desemprego na Espanha, que era de 7,95% no segundo trimestre de 2007, não deixa de aumentar desde então impulsionada pelo estouro da bolha imobiliária, a recessão econômica e a redução do número de funcionários decretada pelo governo.
A Espanha conseguiu reduzir seu déficit em 2012 a 6,7% do PIB com um drástico programa de austeridade que ameaça o consumo interno e aumenta a recessão em que o país se encontra, cujo PIB se contraiu 1,4% no ano passado. Já que as previsões não preveem crescimento econômico na Espanha até o final de 2013 e que o governo conservador de Mariano Rajoy se dispõe a continuar reduzindo o déficit público, as perspectivas sobre criação de emprego continuam sendo sombrias.
"A diligência em corrigir os grandes desequilíbrios externos e internos acumulados durante o período do boom freia o consumo e o investimento privado. Isso continuará tendo um efeito negativo no emprego que, em consequência, continuará aumentando", estimou a Comissão Europeia em suas previsões de inverno, publicadas no dia 22 de fevereiro.
Segundo Bruxelas, a taxa de desemprego subirá a 26,9% em 2013 e cairá levemente a 26,6% em 2014. A Comissão previu também que em 2013 a última reforma do mercado de trabalho "deverá começar a ter efeitos mais notáveis, permitindo que o ajuste seja realizado de forma mais equilibrada nos salários e nos empregos, o que poderia reduzir o ritmo de redução do trabalho".
A Espanha aplicou há um ano uma reforma do mercado trabalhista que modifica as condições de diálogo social nas empresas e reduz as demissões de empresários, além de buscar medidas alternativas à supressão de empregos como a redução de salários. Embora a reforma tenha contribuído nos últimos meses para o crescimento do desemprego, o Governo estima que a longo prazo terá efeitos positivos porque permitirá aumentar a competitividade do país.
Como exemplo desses efeitos, o Executivo cita o aumento das exportações espanholas ou o fato de que vários grupos internacionais como os fabricantes de automóveis Renault e Ford tenham decidido recentemente investir na Espanha. O chefe de governo espanhol abordou o tema do desemprego em sua campanha eleitoral, prometendo que quando governasse o reduziria, mas no ano que está no poder, foram perdidos quase um milhão de empregos.