Agência France-Presse
postado em 07/03/2013 17:31
Frankfurt Am Main - O Banco Central Europeu (BCE), que manteve sua taxa básica de juros sem alterações, em 0,75%, revisou para baixo as previsões de crescimento para 2013 e 2014, apesar de seu presidente, Mario Draghi, dar um pouco de otimismo nos mercados ao dizer que a zona do euro melhorará no final do ano."É preciso fazer distinção entre o curto e médio prazo. E a médio prazo, continuamos vendo o início de uma recuperação gradual", disse Draghi em coletiva de imprensa em Frankfurt, no final da reunião do conselho de governadores para decidir a política monetária para a zona do euro. O BCE prevê que o PIB da zona do euro se contraia 0,5% este ano, (ao invés dos 0,3% previstos anteriormente) e que cresça 1% em 2014 (ao invés de 1,2%).
Esta revisão foi feita com base nos dados do último trimestre de 2012, piores que o esperado, com uma queda do PIB de 0,6%, apesar de não alterar o sentimento geral do BCE, segundo explicou. Para ajudar a recuperação econômica, o conselho de diretores vai manter sua política monetária o tempo necessário e injetar tanta liquidez quanto os bancos reivindicarem, disse Draghi.
Na reunião desta quinta-feira (7/3), foi analisado um eventual corte da taxa básica "mas prevaleceu o consenso de deixar a taxa inalterada" em 0,75%, a mesma desde julho, a mais baixa da história. Apesar destas declarações, Christian Schulz, economista do banco Berenberg, considera que é improvável que as taxas sejam reduzidas, especialmente, se a situação econômica melhorar na zona do euro, como se prevê. "Um corte das taxas (...) pode ser o último recurso", disse.
Uma opinião compartilhada por Howard Archer, economista chefe para Europa da IHS Global Insight, que destaca que a fragmentação que continua havendo nos mercados de crédito - com países onde as taxas sigam a curva desenhada pelo BCE, enquanto outros estão longe - limitaria de todas as formas os resultados de qualquer flexibilização da política monetária.
De fato, Draghi voltou a lembrar aos governos da região que são responsáveis por realizar a maior parte do trabalho para sair da crise e que devem prosseguir com as reformas. Draghi qualificou como "tragédia" o alto desemprego que prevalece na zona do euro - 11,9% da população ativa em janeiro -, em particular o dos jovens que suportam "todo o peso da flexibilização" trabalhista. Contudo, lembrou que o BCE não pode fazer muito nesta área.
Em relação à Itália, cuja crise política despertou os fantasmas de uma eventual recaída na crise da dívida, Draghi considera que os mercados parecem se preocupar menos que os políticos e descartou a possibilidade de um contágio a outros países da zona do euro, ao contrário do que aconteceu no passado.
"Após o nervosismo surgido imediatamente depois das eleições, os mercados recuperaram mais ou menos o mesmo nível (de preocupação) de antes", disse. "No momento, os mercados estão menos impressionados que os responsáveis políticos e que vocês mesmos", disse em relação à imprensa.
No que se refere ao novo programa de compra da dívida anunciado em setembro, do qual, segundo alguns analistas, a Itália poderia se beneficiar, lembrou que as condições para recorrer a ele não mudaram: o Estado deve solicitar a ajuda a seus sócios e, em troca, pôr em prática o plano de reformas estruturais e fiscais que lhe ditarem.
Este programa, conhecido como OMT, contribuiu para a queda da taxa de risco de alguns países e pelo retorno de capitais à zona do euro, apesar de ainda não ter sido posto em prática. Por fim, em "vez de atuar, a estratégia do BCE parece ser a espera", disse Johannes Gareis, economista do banco Natixis.