Diário de Pernambuco
postado em 20/03/2013 17:47
O outono chegou sem que os reservatórios das hidrelétricas brasileiras registrassem recuperação minimamente satisfatória para garantir o abastecimento do país abrindo mão do uso da energia gerada pelas termelétricas, que encarece as contas de luz. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) apontam que a reserva de água nos lagos das usinas do Sudeste e do Centro-Oeste, que respondem por 70% da energia elétrica gerada no país, estava em 48,9% nessa terça-feira, um percentual 39% menor do que em março do ano passado. No Nordeste, a capacidade é 18,3% inferior à do ano anterior, no Norte 12,6% mais tímida, e no Sul ficou negativa em 3% na comparação entre os dois períodos.
Com isso, as termelétricas deverão ficar 100% despachadas pelo menos até outubro de 2013, quando se inicia novo período chuvoso, estima Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage). Para Walter Froes, presidente da CMU Comercializadora de Energia, o período de uso das térmicas será maior e vai durar pelo menos até dezembro, quando começa o próximo verão. "Isso é uma bomba-relógio, que vai explodir no reajuste das tarifas no ano que vem", avisa.
A situação poderá ser atenuada no caso de aumento das chuvas. Nesse caso, as termelétricas mais caras ; óleo combustível, óleo diesel e GNL ; poderão ser desligadas, reduzindo o impacto no bolso do consumidor. Em janeiro de 2008, o Brasil passou por situação semelhante devido ao atraso do período chuvoso entre aquele ano e o ano anterior. Naquele período, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que determina o valor do megawatt vendido no mercado spot, atingiu R$ 550 por MWh; hoje está em R$ 330. As térmicas foram despachas na base. Porém, a situação foi superada rapidamente pelas boas afluências de fevereiro de 2008.
A capacidade das térmicas despachadas pelo ONS é de 15.000MW, incluindo 2.000MW de usinas nucleares. De acordo com a Abrage, o custo mensal do despacho de todas térmicas é de R$ 2,5 bilhões. Mas a recente resolução do governo que determina o rateio do custo adicional entre todos os agentes e o decreto que transformou a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) num colchão para socorrer as distribuidoras de energia evitaram que grande parte desse custo fosse para o bolso dos consumidores atendidos pelas térmicas.
"Esse alívio é de difícil avaliação. Porém, a medida impacta fortemente os agentes geradores de energia hidrelétrica, que, além de não serem responsáveis pelas térmicas despachadas fora da ordem de mérito e nem serem beneficiados por elas, não têm como repassar esse custo", observa Neiva. "Não existe risco de racionamento no horizonte de curto e médio prazos", garante.
Recuperação é lenta
O diretor-geral interino da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, reconheceu ontem que o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas do país está se recuperando em velocidade inferior à esperada. Segundo ele, o volume de chuvas está mais baixo do que o normal para o período. No último dia 15, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo a previsão para o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas que compõem o subsistema Sudeste/Centro-Oeste no mês de março. Isso ocorreu porque o volume de água que chega aos rios que abastecem os reservatórios das hidrelétricas dessas regiões foi "significativamente desfavorável".
No encerramento deste verão, a curva de aversão ao risco, que determina a fragilidade da oferta de energia no país, está apenas 13,4% acima do limite estipulado, de 35,3% de armazenamento para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. A situação dos lagos das usinas são um reflexo dessa realidade. Em média, seis dos principais reservatórios do país ; hidrelétricas de Itumbiara (MG/GO), São Simão (MG), Marimbondo (MG), Furnas (MG), Mascarenhas de Moraes (MG) e Emborcação (MG) ; estão com defasagem de 39,5% em sua capacidade de produção de energia neste momento.
"O que está acontecendo é que o nível dos reservatórios está se recuperando, está chegando mais água aos principais lagos, mas não na velocidade em que isso normalmente ocorre, porque o volume de chuvas está menor", afirmou Rufino, após participar de reunião da diretoria do órgão regulador. (ZF)
Com isso, as termelétricas deverão ficar 100% despachadas pelo menos até outubro de 2013, quando se inicia novo período chuvoso, estima Flávio Neiva, presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica (Abrage). Para Walter Froes, presidente da CMU Comercializadora de Energia, o período de uso das térmicas será maior e vai durar pelo menos até dezembro, quando começa o próximo verão. "Isso é uma bomba-relógio, que vai explodir no reajuste das tarifas no ano que vem", avisa.
A situação poderá ser atenuada no caso de aumento das chuvas. Nesse caso, as termelétricas mais caras ; óleo combustível, óleo diesel e GNL ; poderão ser desligadas, reduzindo o impacto no bolso do consumidor. Em janeiro de 2008, o Brasil passou por situação semelhante devido ao atraso do período chuvoso entre aquele ano e o ano anterior. Naquele período, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), que determina o valor do megawatt vendido no mercado spot, atingiu R$ 550 por MWh; hoje está em R$ 330. As térmicas foram despachas na base. Porém, a situação foi superada rapidamente pelas boas afluências de fevereiro de 2008.
A capacidade das térmicas despachadas pelo ONS é de 15.000MW, incluindo 2.000MW de usinas nucleares. De acordo com a Abrage, o custo mensal do despacho de todas térmicas é de R$ 2,5 bilhões. Mas a recente resolução do governo que determina o rateio do custo adicional entre todos os agentes e o decreto que transformou a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) num colchão para socorrer as distribuidoras de energia evitaram que grande parte desse custo fosse para o bolso dos consumidores atendidos pelas térmicas.
"Esse alívio é de difícil avaliação. Porém, a medida impacta fortemente os agentes geradores de energia hidrelétrica, que, além de não serem responsáveis pelas térmicas despachadas fora da ordem de mérito e nem serem beneficiados por elas, não têm como repassar esse custo", observa Neiva. "Não existe risco de racionamento no horizonte de curto e médio prazos", garante.
Recuperação é lenta
O diretor-geral interino da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, reconheceu ontem que o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas do país está se recuperando em velocidade inferior à esperada. Segundo ele, o volume de chuvas está mais baixo do que o normal para o período. No último dia 15, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) revisou para baixo a previsão para o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas que compõem o subsistema Sudeste/Centro-Oeste no mês de março. Isso ocorreu porque o volume de água que chega aos rios que abastecem os reservatórios das hidrelétricas dessas regiões foi "significativamente desfavorável".
No encerramento deste verão, a curva de aversão ao risco, que determina a fragilidade da oferta de energia no país, está apenas 13,4% acima do limite estipulado, de 35,3% de armazenamento para as regiões Sudeste e Centro-Oeste. A situação dos lagos das usinas são um reflexo dessa realidade. Em média, seis dos principais reservatórios do país ; hidrelétricas de Itumbiara (MG/GO), São Simão (MG), Marimbondo (MG), Furnas (MG), Mascarenhas de Moraes (MG) e Emborcação (MG) ; estão com defasagem de 39,5% em sua capacidade de produção de energia neste momento.
"O que está acontecendo é que o nível dos reservatórios está se recuperando, está chegando mais água aos principais lagos, mas não na velocidade em que isso normalmente ocorre, porque o volume de chuvas está menor", afirmou Rufino, após participar de reunião da diretoria do órgão regulador. (ZF)